Idibal Matto Pivetta: uma vida dedicada à arte, à luta pelos direitos humanos e à resistência durante a ditadura militar.

Um homem de múltiplas facetas que foi reconhecido tanto pelo seu trabalho no direito, jornalismo, teatro, música e luta pelos direitos humanos, Idibal Matto Pivetta, conhecido também como César Vieira, era uma figura única que sabia equilibrar todas essas áreas de sua vida de forma harmoniosa.

Natural de Jundiaí, interior de São Paulo, Idibal nasceu em 28 de julho de 1931. Ele se formou em direito e jornalismo, e também estudou na Escola de Artes Dramáticas da USP, demonstrando desde cedo sua paixão pelas artes.

Em 1969, junto com alguns amigos da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, Idibal fundou o grupo Teatro União e Olho Vivo, que até hoje continua em atividade. Ele dedicou parte de sua vida à dramaturgia popular e ao teatro de resistência, conquistando prêmios importantes ao longo de sua carreira como o de melhor autor nacional da APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte).

No campo jurídico, Idibal defendeu presos políticos durante a ditadura militar e sofreu as consequências disso. Ele foi detido pelo DOI-Codi, preso e torturado. Foi nesse contexto que ele adotou o nome de César Vieira.

“Os textos dele passaram a ser censurados na ditadura por ele ser advogado de presos políticos. Os textos contavam histórias do país, retratavam a história do povo negro. Ele criou um outro nome, que foi César Vieira. Mas, logo descobriram e começaram a censurar suas cenas. O grupo e ele foram presos”, conta seu filho, Lucas César de Moraes Pivetta, conhecido como Cesinha Pivetta, que é ator e músico.

Idibal trabalhou diretamente com o povo nas ruas, utilizando sua arte para lutar por direitos e foi uma referência para muitas pessoas que o conheciam.

“Ele é minha maior referência de vida em todos os aspectos culturais, sociais, intelectuais. Um cara muito humano, solidário, fraterno. A gente conviveu de forma íntima, como dois amigos muito próximos e companheiros mesmo. Uma relação com uma diferença de idade bem grande. Então, ele mesmo falava que ele era pai e avô. A gente brincava”, relata seu filho.

Cesinha vivenciou as artes desde criança, acompanhando o pai no teatro e participando de encontros culturais e discussões políticas e sociais.

“Tenho um orgulho enorme de ser filho desse cara. Como muitas pessoas já me disseram, certamente, Bertolt Brecht consideraria ele um dos imprescindíveis da humanidade”, diz Cesinha emocionado.

Aos 92 anos, Idibal faleceu em 23 de outubro no Hospital Beneficência Portuguesa – Mirante, devido a complicações de pneumonia. Ele deixa seu filho, sua companheira Graciela Rodriguez e sua irmã Lia Pivetta.

Fonte: coluna.obituario@grupofolha.com.br

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