Iminente inauguração do porto de Chancay e os impactos do trem bioceânico na geopolítica regional e mundial.


Porto de Chancay: a nova rota do comércio internacional

O mundo está prestes a presenciar uma grande transformação no comércio marítimo, com a inauguração do Porto de Chancay, no Peru, em novembro de 2024. Esta será a primeira vez que navios desse porte chegarão à região, reduzindo o tempo de viagem marítima entre a Ásia e a América do Sul de 45 para 22 dias. Além disso, o Porto de Chancay irá se tornar o maior porto da América Latina e o terceiro maior do mundo em um curto prazo, logo atrás de Xangai e Singapura. A inauguração contará com a presença do presidente chinês, Xi Jinping.

O Brasil e o trem bioceânico

O Brasil, diante da iminente entrada em operação do porto de Chancay, retomou o plano de construir o trem bioceânico, que ligaria seus principais portos do Atlântico ao Pacífico. Esse projeto teria grandes impactos positivos para a economia brasileira e peruana, abrindo uma nova rota de entrada para o mercado asiático.

Os estados de São Paulo, Mato Grosso, Acre, Rondônia e Amazonas no Brasil, as regiões norte e central da Bolívia e todo o território do Peru seriam diretamente beneficiados por essa iniciativa, consolidando uma malha ferroviária que ligaria o Brasil à Hidrelétrica via Paraguai-Paraná. Além disso, o Peru já possui um trem em operação para as montanhas centrais, faltando apenas obras para conectar Chancay com a estrutura rodoviária e ferroviária do país, assim como com as regiões da selva amazônica peruana e brasileira.

Com a implantação de Chancay, o Brasil e a China fortalecerão sua conectividade, tornando o Peru um ator estratégico no comércio internacional, especialmente como parte importante do sistema de Cinturão e Nova Rota desenvolvido pela China.

Desconforto geopolítico

No entanto, as implicâncias geopolíticas não podem ser ignoradas. Autoridades peruanas devem responder sobre a possível cessão de soberania marítima e territorial aos chineses para a construção e operação do Porto de Chancay. O Chile também considera o porto como uma ameaça, o que pode representar uma mudança no equilíbrio geopolítico da região. Além disso, os Estados Unidos e seus aliados na Europa veem com desconfiança a crescente presença da China na região, temendo a perda de influência sobre territórios que consideravam sob seu controle.

Assim, a disputa pela hegemonia mundial entre a China e os Estados Unidos entra em um novo cenário, com interesses e atores específicos. Esta disputa poderá ter repercussões importantes, não só no porto de Chancay, mas em toda a sua área de influência.




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