O Brasil é o maior importador de fertilizantes do mundo, consumindo 18% das importações globais. Os Estados Unidos consomem 13% e a China 5%. Segundo a Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), 87% dos fertilizantes utilizados na agricultura nacional são importados. A dependência do país em relação a esses produtos tem gerado preocupações sobre a segurança alimentar e a soberania nacional na área agropecuária.
Além disso, o Brasil também lidera as importações de agrotóxicos, com 283 mil toneladas importadas em 2022, de acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). O aumento no uso de agrotóxicos no país tem gerado riscos à saúde, com uma pessoa morrendo a cada dois dias devido à intoxicação por esses produtos, de acordo com um relatório da rede ambientalista europeia Friends of the Earth Europe. Crianças e adolescentes de até 19 anos representam uma em cada cinco vítimas.
Empresas europeias, como a Bayer e a Basf, têm trabalhado em parceria com o agronegócio brasileiro para ampliar o uso de agrotóxicos no país, desconsiderando os impactos negativos na saúde da população. A professora Larissa Bombardi, do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo (USP), ressalta que a Europa concentra um terço da produção mundial de agrotóxicos, mas já proibiu o uso de 269 tipos desses produtos devido aos danos à saúde. Em comparação, o Brasil proibiu menos de 30 tipos.
Apesar dos esforços da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) em parceria com a sociedade civil e movimentos sociais para alertar sobre os perigos dos agrotóxicos, o uso desses produtos no país continua a crescer. Enquanto a área plantada no país aumentou 29% entre 2010 e 2019, o uso de agrotóxicos cresceu 78%. A professora Bombardi destaca a necessidade de uma reforma agrária voltada para a agroecologia como uma alternativa para proteger a população e o meio ambiente.
