Instituto Piano Brasileiro resgata gravações raras e inéditas de Nelson Freire, um dos maiores pianistas do século 20




Gravações raras de Nelson Freire são descobertas e publicadas pelo Instituto Piano Brasileiro

O Instituto Piano Brasileiro está revelando gravações raras e inéditas de um dos maiores pianistas do século 20, Nelson Freire. Os materiais foram encontrados dispersos em fitas de rolo, K7 e VHS, ocupando diferentes acervos e agora foram digitalizados em som e imagem, expondo facetas do artista antes desconhecidas pelos especialistas.

No canal do instituto no Youtube, centenas de horas de música estão sendo disponibilizadas aos poucos. Entre as descobertas, destacam-se interpretações como “Petrushka”, do russo Igor Stravinski, concebida em 1985 no Concertgebouw, de Amsterdã, na Holanda, e o “Concerto para Dois Pianos e Orquestra”, do francês Francis Poulenc, em parceria com a pianista argentina Martha Argerich, numa apresentação dos anos 1990 em Montreal, no Canadá.

Em um vídeo dos anos 1990, Freire se mostrou entusiasmado pela música de vanguarda ao fazer uma primeira leitura de “Mobile”, de Clodomiro Caspary. Nenhuma das peças está registrada na discografia do pianista, morto há três anos, que se concentrou em registros de outros compositores, sobretudo Brahms, Villa-Lobos e Chopin.

Segundo Alexandre Dias, diretor do instituto, a pesquisa revelou que o repertório de Nelson era muito maior do que se sabia pelas gravações. A investigação começou quando o músico ainda era vivo, e Freire autorizou o pesquisador a vasculhar seu acervo, revelando momentos íntimos do pianista em ação.

Com o tempo, a pesquisa do instituto se expandiu para um segundo acervo, do técnico de som Frank Justo Acker, trazendo mais novidades e aumentando o repertório de Freire. Foram identificados registros de música camerística, nunca atestada pela crítica, incluindo gravações com dois violoncelistas de primeira linha, o brasileiro Antonio Meneses e o letão Mischa Maisky.

Criado em 2015 por Alexandre Dias, o Instituto Piano Brasileiro se dedica a resgatar e divulgar a obra de pianistas brasileiros, digitalizando acervos e os incluindo na internet. “Nelson tinha uma facilidade descomunal para apreender a música já na primeira leitura”, afirma Dias. O próximo passo, segundo ele, é publicar uma gravação do “Concerto para piano nº4”, de Rachmaninoff.


Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo