Jornalista ameaçado de morte durante a guerra em Gaza pelo governo de Israel fala sobre o incidente pela primeira vez.



Jornalista ameaçado

O jornalista palestino independente Hossam Shabat falou publicamente pela primeira vez sobre a ameaça que diz ter recebido na primeira semana da guerra de Israel em Gaza. Enquanto documentava bombardeios em casas e massacres em Beit Hanoun, uma cidade no norte do território palestino, Shabat recebeu um telefonema de um oficial da inteligência israelense, pedindo que apagasse postagens em sua conta no Facebook, que pediam que os cidadãos palestinos resistissem.

Por meio de uma postagem na rede social X na última quarta-feira (27/12), o jornalista disse ter sido informado de que ele e os que estavam com ele precisavam sair de sua casa, que caso contrário seria bombardeada. Mas ele se recusou. “No entanto, após o bombardeio completo da casa e uma tentativa de nos cercar no hospital, saí sob fogo”.

“A morte nos persegue em todos os lugares”, acrescentou Shabat, dizendo que uma aeronave abriu fogo contra ele na terça-feira logo depois de entrar em Beit Hanoun. Ele continua fazendo sua cobertura do massacre israelense.

Segundo o CPJ (Comitê para Proteção de Jornalistas), 68 profissionais da imprensa foram mortos durante a ofensiva israelense em Gaza, sendo 61 palestinos, quatro israelenses e três libaneses, uma média que faz do atual conflito o evento mais mortífero para jornalistas na história moderna.

Violência sexual e outras humilhações

Um relatório da ONU divulgado nesta quinta (28/12) denuncia a violência perpetrada pelo governo de Israel na Cisjordânia ocupada, incluindo Jerusalém Oriental, região que virou alvo de ataques por parte de Israel mesmo não sendo controlada pelo Hamas.

Segundo o documento, 300 palestinos foram mortos na região de 7 de outubro a 27 de dezembro, a imensa maioria por soldados de Israel, mas alguns também por colonos israelenses, que mantêm colônias ilegais no território palestino.

As Forças de Segurança de Israel também prenderam mais de 4.700 palestinos, incluindo cerca de 40 jornalistas, na Cisjordânia, diz o informe. “Alguns foram despidos, vendados e mantidos presos por longas horas com algemas e com as pernas amarradas, enquanto os soldados israelenses pisavam em suas cabeças e costas. Eram cuspidos, jogados contra paredes, ameaçados, insultados, humilhados e, em alguns casos, submetidos à violência sexual e de gênero”.

Segundo o relatório, um detento foi espancado nos órgãos genitais e houve insultos sexuais contra mulheres, inclusive duas grávidas, ameaçadas de estupro enquanto estavam na prisão. Sem falar em outros atos de violência, como chutes, tapas, socos e golpes com rifles.

A ONU pede que “as mortes ilegais e a violência dos colonos contra a população palestina” sejam interrompidas. “O relatório pede o fim imediato do uso de armas e meios militares durante as operações de aplicação da lei, o fim da detenção arbitrária e dos maus-tratos aos palestinos e o fim das restrições discriminatórias de movimento”, disse a entidade.





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