Justiça de São Paulo determina afastamento provisório de empresário Geraldo Rufino do comando da JR Diesel.




Afastamento de empresário do comando da JR Diesel gera disputa judicial

Afastamento de empresário do comando da JR Diesel gera disputa judicial

A Justiça de São Paulo decidiu afastar em caráter provisório o empresário Geraldo Rufino do comando da JR Diesel, maior companhia de desmontagem e venda de peças de veículos da América Latina, que está em recuperação judicial desde 2016.

Consta na Justiça uma série de suspeitas de crimes falimentares contra a JR Diesel, com evidências de transferência de dinheiro para empresas de familiares de Rufino e pessoas ligadas a ele.

À época da decisão, proferida em dezembro, uma deliberação monocrática havia convertido a recuperação judicial da companhia em falência. Uma gestora judicial e uma administradora judicial, então, foram designadas para cumprir os encargos na empresa.

Mas, após a decisão de afastamento de Rufino, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) acatou um recurso da defesa do empresário, sob o argumento de que a decisão de converter recuperação judicial em falência era improcedente, já que isso não havia sido requerido por nenhum credor.

O pedido de afastamento de Rufino do comando da JR Diesel foi feito pela empresa de logística JSL, que faz parte do grupo Simpar, que tem capital aberto na Bolsa. O Simpar também é dono da Vamos Caminhões e da Movida.

Folha Mercado

Ouvido pela Folha, Rufino diz que sua briga com o grupo Simpar tem origem em uma questão pessoal, de crédito de R$ 2 milhões que seu filho, Guilherme Rufino, tomou no passado de Fernando Simões, diretor-presidente do grupo Simpar, e não conseguiu cumprir com o pagamento.

O empréstimo foi feito para a empresa de Guilherme, a GFR. Rufino diz que era amigo de 30 anos de Simões e decidiu entrar, junto de sua esposa, Marlene Matias Rufino, como fiador do filho, que não conseguiu devolver os créditos na época porque acabou enrolado financeiramente devido a um problema com alcoolismo.

Procurado, o grupo Simpar não havia se manifestado até o momento da publicação da reportagem.

Em janeiro deste ano, Guilherme Rufino, filho de Geraldo, foi nomeado pela gestão de Ricardo Nunes (MDB), prefeito de São Paulo, como coordenador de Fomento e Formação Cultural da Secretaria de Cultura.

Segundo a coluna Painel, da Folha, pouco depois da nomeação, a prefeitura desistiu de chamar Guilherme ao descobrir que, em 2022, ele foi um dos alvos da Operação Fiat Lux, da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal, que investiga a clonagem de 3.300 veículos do Exército.

De acordo com as investigações, os supostos envolvidos clonavam chassis de veículos do Exército para obter documentos legítimos e legalizar veículos roubados.

Geraldo Rufino, por sua vez, diz que ele não é procurado pela Justiça e que o problema não é a sua empresa em si. Ele afirma que o caso envolvendo a recuperação judicial da JR Diesel é de “perseguição e assédio processual por parte de gigantes”.

“Agora dizem que estou na mira da polícia. Mas como estou na mira da polícia se não tem um inquérito, não tem um BO [Boletim de Ocorrência] contra mim?”, questiona o empresário.

Segundo Rufino, essa dívida inicial de R$ 42 milhões da JR Diesel da época que a sua empresa entrou em recuperação judicial já foi reduzida para R$ 18 milhões. Além disso, ele afirma que a companhia duplicou de tamanho nos últimos dois anos e está com saúde financeira para sair do processo de recuperação judicial.

Ele diz que, à época do pedido de recuperação judicial, a companhia faturava R$ 17 milhões, mas em 2023 a JR Diesel teve receita de R$ 54 milhões.

“Compramos 32 caminhões por mês e desmanchamos um caminhão a cada três horas”, diz.

Rufino afirma que agora está esperando a Justiça de São Paulo cumprir a decisão do STJ a fim de que ele volte ao comando da empresa.

No processo em que Rufino foi afastado, consta uma série de suspeitas levantadas pela gestora judicial. Uma delas é a existência de uma pasta com o título de “Caixa 2”.

Folha Mercado

Segundo Rufino, a empresa separa as informações de entrada e saída dos caixas da loja por número, já que a companhia tem cinco caixas. Ele diz que cada caixa tem uma pasta com um número de 1 a 5.

O processo relata também saídas do caixa da empresa ao longo de 2023 que totalizam R$ 1,5 milhão em transferências para pessoas próximas a Rufino e empresas ligadas à família. Segundo o empresário, o que o processo não relata é a entrada, com dinheiro dele mesmo, de outros R$ 5 milhões na empresa.

Ele também argumenta que as transferências para outras empresas tinham relação direta com negócios entre a JR Diesel e essas companhias.

“A empresa tem caixa, não tem nada de errado acontecendo. Eu nunca tive um BO contra mim, nunca tive um problema na polícia. Morei na favela e nunca tive um problema na polícia que envolvesse nem um toca-fita”, diz em sua defesa.

Sobre Guilherme, Rufino diz que as acusações são falsas e que seu filho teve a prisão revogada na operação da PF por provar sua inocência.


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