Justiça do RS nega pedido da Fundação Palmares em processo de demolição de comunidade quilombola em Porto Alegre



Decisão Judicial Negativa em Processo de Demolição de Residências em Comunidade Quilombola

Na última semana, a Justiça do Rio Grande do Sul negou o pedido de ingresso da Fundação Palmares como parte interessada em um processo que prevê a demolição de residências em uma comunidade que buscava a certificação como remanescente de quilombo.

Anteriormente conhecida como Vila Caddie, a comunidade encontra-se em uma situação precária e está localizada em um dos bairros mais nobres de Porto Alegre, o Boa Vista. Composta por cerca de 95 famílias, a comunidade é vizinha de empreendimentos de luxo.

O processo em questão transitou em julgado em 2020, o que permite à prefeitura desocupar o terreno, registrado como área pública, mediante indenização às famílias. Entretanto, em maio de 2021, a comunidade passou a requerer o reconhecimento como quilombo.

A Fundação Palmares pleiteava ser admitida como parte interessada no processo, o que resultaria na tramitação do caso na esfera federal. No entanto, o magistrado responsável pelo caso considerou que essa mudança prejudicaria parte das famílias que já estão negociando a saída do local mediante indenização.

Segundo a decisão do juiz Fernando Carlos Tomasi Diniz, da 4ª Vara da Fazenda Pública de Porto Alegre, “o processo tramita há mais de dez anos. Exatamente na fase em que a situação fática começa a mudar, para melhor, com as irregularidades ambientais e de moradia sendo sanadas pelo poder público, remeter o feito para a Justiça Federal representará um inaceitável retrocesso”.

O juiz ainda ressaltou que, até o momento, a tentativa da comunidade de ser reconhecida como quilombo é unilateral e que a Fundação Palmares só poderia ser parte interessada caso o território já estivesse plenamente reconhecido.

A decisão da Justiça gerou críticas por parte da vereadora Bruna Rodrigues (PCdoB), que manifestou seu descontentamento e está em contato com a Fundação Palmares e o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) para buscar uma reversão da decisão.

A prefeitura informou que sete famílias já chegaram a um acordo que prevê a indenização de R$180 mil para desocupação. Os planos para o local incluem a construção de uma praça e a abertura de uma via pública.

Esse é um desdobramento de grande importância e que envolve questões sociais e políticas complexas. A negativa da Justiça em permitir a participação da Fundação Palmares no processo gera preocupações sobre o futuro da comunidade em questão. A vereadora Bruna Rodrigues e outras autoridades envolvidas estão empenhadas em encontrar uma solução que resguarde os interesses das famílias e da comunidade como um todo.


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