Por Yasha Levine (*)
Na madrugada de 7 de outubro, o kibutz Nir Oz, localizado a leste da fronteira de Gaza, foi alvo de ataques do Hamas. O incidente trouxe à tona uma questão importante: por que o Hamas mirou Nir Oz? A resposta pode ser encontrada na história por trás da criação desses assentamentos pioneiros.
A proximidade dos kibutz com a fronteira não é acidental. Eles foram estabelecidos pouco depois da fundação de Israel para servirem como uma primeira linha de defesa contra os ataques palestinos a partir de Gaza. São considerados assentamentos povoados mais próximos de Gaza e funcionaram, ao longo dos anos, como escudos humanos para proteger o território israelense.
Os kibutz têm sua origem nos chamados assentamentos Nahal, criados em 1951 com o apoio de David Ben-Gurion. Essas unidades foram uma resposta aos problemas enfrentados por Israel após a conquista da independência, atuando como uma solução para a proteção das fronteiras e para sustentar a população, após a limpeza étnica da população nativa palestina.
O kibutz Nir Oz foi fundado em 1955 por membros do Hashomer Hatzair, uma organização juvenil sionista socialista, e transformou-se em uma comunidade agrícola funcional. Sua localização estratégica, no meio de um deserto, tinha como principal objetivo a segurança de Israel, especialmente durante as vésperas de uma possível campanha de limpeza étnica.
No entanto, o papel desses kibutz na colonização e na proteção do território israelense foi apagado ao longo dos anos, deixando para trás apenas a imagem de civis judeus inocentes. O ataque recente do Hamas trouxe à tona o legado desses assentamentos militarizados, afetando não apenas os antigos colonos, mas também suas gerações posteriores.
O enredo dessa história se assemelha a um clichê de filme de faroeste: jovens soldados enviados para proteger terras roubadas há setenta anos colhem agora os frutos, enfrentando as consequências mortais para várias gerações. O passado coloca o futuro em uma camisa de força.
Como jornalista, é importante trazer à tona esses aspectos históricos para que o público compreenda a complexidade por trás dos confrontos na região. O entendimento da origem e do propósito desses kibutz é crucial para uma análise mais profunda dos eventos atuais.
Fonte: Opera Mundi
