Lançamento oficial do G20 no Brasil marca início de novas estratégias climáticas e diplomáticas

Lançamento oficial

O lançamento oficial do G20 no Brasil, contudo, acontecerá nos dias 21 e 22 de fevereiro no Rio Janeiro, na Marina da Glória, onde os chanceleres do bloco estarão reunidos pela primeira vez desde o início do recrudescimento dos conflitos no Oriente Médio.

Eles terão um segundo encontro em formato inédito para o G20 às margens da Assembleia Geral da ONU em Nova York, em setembro de 2024. Essa é outra inovação. Tem por objetivo chamar a atenção para um fórum de países com uma composição mais condizente com a realidade geopolítica contemporânea.

Na mesma sequência, o encontro dos ministros de Finanças do bloco, ou o G20 financeiro, será em São Paulo, no prédio da Bienal, entre 26 e 29 de fevereiro.

Ao final da presidência brasileira, Lula quer novos mecanismos financeiros que viabilizem de uma vez por todas o financiamento da transição energética em países em desenvolvimento, como já estava previsto no acordo do clima de Paris.

Recentemente, o presidente insistiu que quem mais contribuiu historicamente para o aquecimento global deve arcar com os maiores custos de combatê-lo. Esta, segundo ele, é uma dívida acumulada ao longo de dois séculos.

Desde a COP15, realizada em Copenhague, em 2009, os países ricos se comprometeram com aportes de US$ 100 bilhões por ano em financiamento climático às nações em desenvolvimento, promessa que ainda não foi cumprida.

A depender de quem faz a conta, o custo da inação e do impacto dos fenômenos climáticos extremos, cada vez mais frequentes, varia. Mas é certo que são imensos. A ONU calcula que as 55 economias mais vulneráveis às mudanças climáticas tiveram perdas e danos de mais de US$ 500 bilhões.

O contexto factual deste G20 é pior do que o enfrentado pela presidência indiana, que acaba de ser encerrada, admite um negociador, mas em termos concretos a presidência brasileira tem mais chances de obter resultados.

Isso porque a participação do Brasil foi importante na redação do comunicado final da cúpula em Deli, após mensagem virulenta contra a Rússia um ano antes, por pressão do G7, na declaração divulgada após a cúpula de Bali. Moscou teria se sentido humilhada e se insurgiu na Índia.

“Se em Bali foi 1×0 para o G7, em Deli, o placar foi para 1×1”, disse outro negociador. Isso não significa que a mensagem tenha sido branda, segundo ele. “Mas os parágrafos de 7 a 14 do documento de Deli que condenam o conflito podem ser usados como meio de resolver impasses na presidência brasileira”, afirmou.

Ampliação dos BRICS

Outra questão de pano de fundo do G20 este ano será a ampliação do BRICS (agora mais sinocêntrico) a partir da inclusão de seis novos membros plenos: Irã, Arábia Saudita, Egito, Argentina, Etiópia e Emirados Árabes. A nova configuração que Xi Jinping chamou de histórica em em vigor a partir de janeiro de 2024 confirma a ideia de que a China estaria se fortalecendo em suas alianças contra o Ocidente.

Esta é primeira vez que o Brasil assume a presidência do G20 desde que o bloco deixou o formato ministerial para reunir também chefes de Estado e governo a partir de 2008.

O grupo é formado por 19 países (Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, França, Alemanha, Índia, Indonésia, Itália, Japão, República da Coreia, México, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul, Turquia, Reino Unido e Estados Unidos) mais a União Europeia e, desde este ano, a União Africana. Juntas, as nações do G20 representam cerca de dois terços da população mundial, 85% do PIB global, mais de 75% do comércio.

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