A obra começa de forma peculiar, com uma afirmação sobre ossos fósseis encontrados em uma escavação no município de Antares, na fronteira entre Brasil e Argentina. Esses ossos pertenceriam a um gliptodonte, um animal antediluviano descrito como um tatu gigante com uma carapaça fixa do tamanho de um Volkswagen e um rabo formidável cheio de espigões pontiagudos. Além dos gliptodontes, também habitavam a região os megatérios, durante o Pleistoceno, cerca de um milhão de anos atrás. A história se passa em uma região diabásica da América do Sul, onde se formou o rio Uruguai. Curiosamente, não se sabe ao certo quando os primeiros espécimes do Homo sapiens surgiram nessa região do Brasil meridional, mas tudo indica que os antarenses nunca se preocuparam com esse problema.
Essa coincidência paleontológica e as referências à Era do Gelo também podem ser encontradas em outra obra da literatura brasileira, “O Recado do Morro”, do mineiro Guimarães Rosa, como relatei em um post do ano passado. Estou apenas no começo da leitura de “Incidente em Antares”, mas estou atento a outras passagens significativas que possam fortalecer essa teoria.
Aproveito para pedir aos leitores que me indiquem outras menções à pré-história na literatura brasileira. Seria interessante descobrir se existem mais obras que abordam esse tema e se há algum vínculo entre elas.
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