Longevidade do peronismo: os motivos por trás da resiliência do movimento político argentino

O peronismo, movimento político argentino que marcou o país durante décadas, continua a mostrar sua força política nas eleições presidenciais. Mesmo com resultados desanimadores nas últimas eleições, o candidato Sergio Massa, do partido União pela Pátria, liderou o primeiro turno das eleições realizadas no domingo, 22 de outubro.

A longevidade do peronismo desperta curiosidade e questionamentos sobre os motivos que explicam sua permanência no poder, enquanto outros partidos sofreram mudanças significativas ao longo dos anos. Uma das explicações está na capacidade do peronismo, desde sua origem, de organizar os trabalhadores em sindicatos poderosos e garantir sua representatividade política. Quando o sindicalismo perdeu força, o peronismo soube utilizar políticas sociais para estabelecer uma extensa rede clientelista, como apontou o cientista político Steve Levitsky em seu estudo sobre o peronismo argentino.

No entanto, há aqueles que acreditam que a resiliência do peronismo vem de sua capacidade de se adaptar às circunstâncias. Martin Caparrós, escritor argentino, argumenta que ao longo de seus quase 80 anos, o peronismo se transformou em diferentes vertentes, passando por nacionalismo mussoliniano, operário, guevarista, social-democrata, democrata-cristão, neoliberal e muito mais.

Independentemente do resultado do segundo turno, que será realizado em 19 de novembro, é muito provável que o peronismo continue a se metamorfosear e a exercer influência na política argentina.

A Argentina enfrentou dificuldades econômicas nas últimas décadas, com um gradual empobrecimento da população e a necessidade de controlar a inflação para manter um padrão de vida mínimo. Mesmo assim, a renda per capita dos países vizinhos é consideravelmente superior à da Argentina.

Muitos analistas e opositores do peronismo acreditaram que o partido perderia força política após eleições perdidas em 1989, 1998 e 2015. No entanto, mais uma vez, essas previsões se mostraram erradas, com Sergio Massa liderando o primeiro turno das eleições presidenciais.

A capacidade do peronismo de se adaptar às mudanças e de estabelecer uma forte base de apoio entre os trabalhadores e os setores mais vulneráveis da sociedade parecem ser os principais fatores para sua longevidade política. Seja qual for o resultado das eleições, é certo que o peronismo continuará a exercer influência no cenário político argentino.

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