Morre Nêgo Bispo, líder quilombola e referência na luta por reconhecimento das comunidades negras, aos 62 anos.

A morte do renomado escritor e ativista Antônio Bispo dos Santos, também conhecido como Nêgo Bispo, chocou a comunidade quilombola brasileira neste domingo, 03. A Coordenador Nacional de Articulação das Comunidades Quilombolas (Conaq) confirmou o falecimento do líder histórico, que por anos foi uma das principais referências da luta quilombola no país. Nascido em 1959 no Vale do Rio Berlengas, Piauí, Nêgo Bispo integrava o quilombo Saco-Curtume, município de São João do Piauí, onde se tornou o primeiro membro de sua família a ter acesso à educação.

A causa da morte ainda não foi divulgada, mas o líder quilombola enfrentava problemas de saúde decorrentes de diabetes. Além de sua atuação como ativista, Nêgo Bispo era autor de artigos, poemas e dois livros: “Quilombos, modos e significados” (2007) e “Colonização, Quilombos: modos e significados” (2015). Em suas obras, Bispo apresentava uma visão afro-quilombola e anticolonial para analisar as desigualdades do país a partir das experiências e concepções das comunidades quilombolas e dos movimentos sociais de luta pela terra.

Em uma nota publicada pela Conaq, a organização expressou suas condolências à família, amigos e admiradores de Nêgo Bispo, ressaltando a importância de honrar seu legado e perpetuar suas ideias. A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, também lamentou a morte de Nêgo Bispo, destacando sua contribuição como um dos maiores pensadores da atualidade no contexto do pensamento negro brasileiro.

Sua morte coincidiu com a publicação de uma entrevista do mestre quilombola no portal ECOA, na qual ele abordou a importância de voltar as pesquisas para as histórias de resistência e vitórias das populações negras no Brasil, ao invés de concentrar nas violências sofridas ao longo da história. Em um trecho marcante, Nêgo Bispo afirmou: “Eu vou falar de nós ganhando, por que pra falar de nós perdendo eles já falam”.

A partida de Nêgo Bispo deixa um vazio na luta pela valorização e reconhecimento das comunidades quilombolas no Brasil, mas seu legado e suas ideias continuarão a inspirar e iluminar o caminho daqueles que seguem essa causa tão importante.

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