A causa da morte ainda não foi divulgada, mas o líder quilombola enfrentava problemas de saúde decorrentes de diabetes. Além de sua atuação como ativista, Nêgo Bispo era autor de artigos, poemas e dois livros: “Quilombos, modos e significados” (2007) e “Colonização, Quilombos: modos e significados” (2015). Em suas obras, Bispo apresentava uma visão afro-quilombola e anticolonial para analisar as desigualdades do país a partir das experiências e concepções das comunidades quilombolas e dos movimentos sociais de luta pela terra.
Em uma nota publicada pela Conaq, a organização expressou suas condolências à família, amigos e admiradores de Nêgo Bispo, ressaltando a importância de honrar seu legado e perpetuar suas ideias. A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, também lamentou a morte de Nêgo Bispo, destacando sua contribuição como um dos maiores pensadores da atualidade no contexto do pensamento negro brasileiro.
Sua morte coincidiu com a publicação de uma entrevista do mestre quilombola no portal ECOA, na qual ele abordou a importância de voltar as pesquisas para as histórias de resistência e vitórias das populações negras no Brasil, ao invés de concentrar nas violências sofridas ao longo da história. Em um trecho marcante, Nêgo Bispo afirmou: “Eu vou falar de nós ganhando, por que pra falar de nós perdendo eles já falam”.
A partida de Nêgo Bispo deixa um vazio na luta pela valorização e reconhecimento das comunidades quilombolas no Brasil, mas seu legado e suas ideias continuarão a inspirar e iluminar o caminho daqueles que seguem essa causa tão importante.