Morte de torcedor por ‘bean bag’ levanta questionamentos sobre o uso da munição pela Polícia Militar de São Paulo.

A Polícia Militar do estado de São Paulo adquiriu um tipo de munição conhecido como “bean bag” com o objetivo de substituir gradativamente as balas de borracha, mantendo-as como opção na corporação. No entanto, o uso dessa nova munição causou a morte de um torcedor são-paulino durante a comemoração do título da Copa do Brasil.

Segundo informações divulgadas pela delegada Ivalda Aleixo, chefe do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), o projétil utilizado é produzido com aramida, uma fibra sintética, e contém pequenas esferas de chumbo em seu interior, sendo confeccionado de forma a possuir cauda estabilizadora. De acordo com a delegada, a vítima sofreu traumatismo crânio-encefálico após ser atingida pela bean bag.

Ainda não foi possível identificar o autor do disparo, e uma perícia conclusiva será realizada para confirmar a causa da morte. A Secretaria da Segurança Pública (SSP) confirmou que a munição foi utilizada por policiais militares, porém, a investigação não descarta a possibilidade de que o disparo tenha sido feito por alguém que não faça parte da corporação.

A Folha teve acesso ao documento que regula o uso da bean bag e este apresenta diversas advertências para os policiais militares responsáveis pela utilização da munição. É orientado que seja feita uma dupla checagem da espingarda calibre 12 para garantir que esteja municiada com o material de menor potencial letal, como a bean bag, ou com balas comuns. Além disso, é recomendado que o policial mantenha uma distância mínima de 6,1 metros do alvo, evitando obstáculos ou pessoas que possam ser atingidas.

Em situações de emergência, como aquelas que envolvam risco de vida para o policial ou outras pessoas, a distância mínima pode ser deixada de lado. No entanto, a bala de borracha possui uma faixa de utilização entre 20 a 30 metros, diferentemente da bean bag.

Outro aspecto importante do regulamento é o cuidado em relação à parte do corpo a ser atingida. Segundo o documento, o policial militar deve considerar seu posicionamento em relação ao agressor ativo, com o objetivo de disparar sempre na região dos membros inferiores, evitando ações prejudiciais como disparos na região da cabeça, pescoço, órgãos genitais, mamas femininas, crianças, idosos ou pessoas com deficiência visual.

A escolha da bean bag como alternativa às balas de borracha foi fundamentada em estudos e protocolos técnicos, de acordo com o governo. No entanto, a morte do torcedor durante as comemorações da Copa do Brasil está sendo investigada e todas as circunstâncias estão sendo apuradas. A Secretaria da Segurança Pública afirmou que qualquer excesso por parte dos policiais será devidamente investigado e responsabilizado.

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