Morte repentina de ex-premiê Li Keqiang simboliza o fim de uma era na liderança chinesa

Na madrugada desta sexta-feira (27), o ex-primeiro-ministro chinês Li Keqiang faleceu em Xangai devido a um ataque cardíaco repentino. Sua morte tem um significado simbólico, marcando o fim de uma era.

Li, que era considerado uma opção viável para suceder Hu Jintao, foi um líder moderado e reformista. No entanto, ele foi deixado de lado por seu colega Xi Jinping.

Formado pela Universidade de Pequim, conhecida por seu progressismo, Li exemplificava o Partido Comunista pós-Deng Xiaoping e sua política de abertura. Ele era conhecido por ser diligente e um economista habilidoso. Em uma reunião com o embaixador americano Clark T. Randt Jr., vazada pelo Wikileaks, Li compartilhou como avaliava a saúde econômica do país. Suas observações se mostraram tão precisas que passaram a ser conhecidas como “índice Keqiang”.

No entanto, seu pragmatismo e foco em reformas e melhorias na competitividade da China o levaram a entrar em conflito com Xi Jinping. Embora tenham subido ao poder juntos, a relação entre os dois nunca foi amigável. No segundo mandato de Xi, ele minou o poder e a influência das facções internas, incluindo a Liga da Juventude, à qual Li era ligado.

Os dois líderes travaram uma guerra silenciosa durante a pandemia de Covid-19. Li criticou publicamente a política de Covid zero, apenas para ser desautorizado por Xi semanas depois. As diferenças entre eles refletem as prioridades de cada um, com Xi enfatizando o controle ideológico e a segurança nacional, enquanto Li focava em reformas econômicas.

A morte de Li não representa uma ameaça direta a Xi e aos legalistas que ele promoveu no último ano, mas destaca as divergências entre os dois líderes. Desde a reeleição de Xi, seu chanceler e seu ministro da Defesa foram removidos de seus cargos, e a política econômica não tem surtido efeito. O desemprego juvenil e a deflação estão aumentando na China.

É importante ressaltar que o falecimento de Li pode ser utilizado politicamente e o Partido Comunista Chinês estará atento a esse risco. No passado, a morte de líderes comunistas populares levou a agitações e protestos. Na internet chinesa, internautas repostaram a música “Infelizmente não foi você” da cantora malaia Fish Leong para expressar seus sentimentos. No entanto, as postagens foram censuradas.

Em suma, a morte de Li Keqiang marca o fim de uma era e destaca as diferenças entre ele e Xi Jinping. Os rumos do governo chinês estão sendo questionados, com críticas à política econômica e ao controle ideológico. A influência de Li e a falta de sucessores semelhantes podem ter um impacto sobre o futuro da China.

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