Mulheres chefiam apenas um quarto das secretarias municipais em capitais brasileiras, mostrando desigualdade de gênero no alto escalão





Desigualdade de gênero nas secretarias municipais: Mulheres ocupam apenas um quarto das pastas em capitais brasileiras

A pesquisa realizada pela Folha revelou que apenas 26% das secretarias municipais em 26 capitais brasileiras são chefiadas por mulheres. Os dados foram coletados entre 26 de fevereiro e 7 de março e mostram que os homens predominam no alto escalão das gestões municipais, ocupando 72,4% dos cargos.

Em Natal (RN), as mulheres lideram pelo menos 50% das secretarias, enquanto em Teresina (PI) apenas uma mulher ocupa um cargo de chefia. A desigualdade de gênero também se reflete em outras posições de destaque, como procuradorias e controladorias, onde as mulheres representam apenas 21% e 10%, respectivamente.

Um caso emblemático é o da Prefeitura de Teresina, onde das 17 pastas, 16 são comandadas por homens. A única mulher à frente de uma secretaria na cidade é Karla Berger Marinho, responsável pela Política Pública para as Mulheres.

Em Manaus (AM) e Maceió (AL), as gestões de David Almeida (Avante) e João Henrique Caldas (PL), respectivamente, também apresentam uma grande disparidade de gênero, com 86% dos cargos ocupados por homens. Na capital amazonense, a Secretaria Municipal da Mulher, Assistência Social e Cidadania é chefiada por um homem, Eduardo Lucas da Silva.

Por outro lado, em Florianópolis (SC), sob a gestão de Topázio Neto (PSD), as mulheres ocupam 42% das secretarias, sendo que a mesma mulher, Katherine Schreiner, lidera duas delas. No cenário nacional, Natal se destaca como a capital com maior participação feminina, com 55,6% dos cargos ocupados por mulheres, seguida por Boa Vista (RR), com 44,5%.

A cientista política Marlise Matos, coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre a Mulher da UFMG, destaca que a divisão desigual de cargos reflete uma cultura política dominada por homens, que tende a favorecer a escolha de líderes masculinos para posições de destaque. Marlise ressalta que as mulheres têm capacitação e qualificação para ocupar esses cargos, mas a divisão tradicional do trabalho muitas vezes limita suas oportunidades.

Segundo dados do TSE, apenas 12,1% das prefeitas foram eleitas nas últimas eleições municipais, evidenciando a baixa representatividade feminina na política. A professora Renata Vilhena, da Fundação Dom Cabral, destaca a importância de criar mecanismos para incentivar a participação das mulheres em cargos de liderança na administração pública.

É fundamental que as prefeituras e gestões municipais adotem políticas que promovam a equidade de gênero e incentivem a participação das mulheres em todos os níveis de tomada de decisão. A igualdade de oportunidades e a diversidade de representação são fundamentais para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva.

Fonte: Dados coletados pela Folha entre 26 de fevereiro e 7 de março.


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