Uma das principais ações do plano é a digitalização completa dos dados disponíveis nos tribunais, bem como documentos de outras entidades, como a Vicaría de la Solidaridad, uma organização da Igreja Católica que já foi dissolvida, e o Instituto Nacional de Direitos Humanos. A meta é reconstruir as trajetórias das vítimas para descobrir seu paradeiro.
As famílias das mais de mil pessoas desaparecidas continuam sua busca há décadas e serão fundamentais no novo plano governamental, que também conta com apoio interorganizacional. O ministro Luis Cordero ressaltou a importância do plano e afirmou que todos consideram uma obrigação elementar do governo chileno.
Para Consuelo Contreras, diretora do Instituto Nacional de Direitos Humanos, é urgente que o Estado chileno inicie esse plano de busca, que deve ser uma política pública com estratégia abrangente e liderada por pessoas independentes. Ela também defende a participação direta dos familiares nas ações previstas, além de um trabalho organizado, coordenado e com recursos suficientes para ser implantado em todo o país e coordenado com o sistema de Justiça.
Os familiares das vítimas estão otimistas com a iniciativa, porém prudentes devido aos obstáculos enfrentados até o momento. Glória Elgueta, irmã de Martín Elgueta Pinto, militante do Movimiento Izquierda Revolucionária, que está desaparecido desde 1974, aprecia o plano, mas alerta para os pactos de silêncio dos membros das Forças Armadas e policiais, que foram revelados em investigações judiciais.
O plano nacional de busca é uma importante iniciativa do governo chileno para esclarecer os casos de desaparecimento forçado e/ou morte, além de garantir o acesso à informação e a participação das famílias e da sociedade nesses processos. É uma resposta necessária para lidar com um passado de violações de direitos humanos e buscar a justiça para as vítimas e suas famílias.