O mundo em crise: colapso climático, guerra na Ucrânia e genocídio na Palestina evidenciam desafios do novo cenário geopolítico




Colapso climático, crise de segurança e tensão internacional: o cenário mundial em 2023

O mundo vive um colapso climático, uma crise internacional de segurança, uma extensa crise do modelo econômico capitalista neoliberal e abalos profundos da democracia-liberal como instituição. Tal cenário internacional é fruto do caos promovido pela política externa dos Estados Unidos em tentativa de enfrentar e frear a já determinada queda hegemônica.

O governo Biden optou por reativar a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e intensificar as zonas de tensão do mapa geopolítico. Foi essa movimentação que escalou a tensão entre Rússia e Ucrânia, levando a guerra que já dura mais de dois anos. Assim, para compreender a Guerra da Ucrânia, é necessário colocar na perspectiva de um conflito geopolítico de complexidade internacional.

Um momento importante a se destacar são os protestos de Euromaidan (2013-2014), quando em novembro de 2013, manifestantes pró-europeus ocuparam a Praça da Independência (Maidan Nezalezhnosti), em Kiev. Esse levante ocorreu após o então presidente ucraniano Viktor Yanukovych suspender um acordo de associação com a União Europeia e aprovar políticas em favor de laços mais estreitos com a Rússia. Ou seja, foi construído um cenário de disputa de influência entre Rússia e Ocidente.

É importante lembrar que o território da Ucrânia historicamente sempre esteve em disputa, em especial com a Polônia. O país se tornou completamente independente em 1991, após a dissolução da União Soviética, e passou a ter o território atual.

Outro ponto importante é que os protestos de Euromaidan se somam a outros levantes no mundo, inclusive ao nosso conhecido Junho de 2013. Por isso, devemos compreender essas desestabilizações como resultados de políticas imperialistas dos EUA, que utilizaram plataformas digitais para inflamar e influenciar as pautas domésticas de importantes países.

Nas regiões da Ucrânia, onde a população étnica russa é mais significativa, esses protestos evoluíram para conflitos armados entre forças ucranianas e separatistas pró-russos, como ocorreu em Donetsk e Lugansk.

O governo ucraniano acusou a Rússia de fornecer apoio militar aos separatistas. Em 2014 eclodiu de fato a guerra no leste da Ucrânia e marcou o início da tensão bélica e disputa de fronteira.

Já em 2022 ocorreram novas ameaças de movimentações das bases da OTAN para a Ucrânia, ameaçando a soberania territorial russa. Rapidamente as narrativas políticas escalaram e, em março do mesmo ano, a Rússia adentra o território ucraniano com a chamada operação especial militar de desnazificação.

Com amplo apoio internacional à Ucrânia, diversos países adotaram sanções contra a Rússia, movimento sem precedentes por parte da comunidade internacional. Entretanto, o Ocidente não conseguiu efetivar um bloqueio econômico e de forma rápida a Rússia reorganizou seu comércio internacional e inclusive suas formas de pagamento internacional com moedas alternativas ao dólar.

Em setembro de 2022 a Rússia realizou referendos para anexação ao território russo em importantes regiões: Lugansk, Donetsk, Zaporíjia e Kherson. Grande parte dos países alinhados aos EUA não reconheceram esse processo e a imprensa internacional, sem provas, deslegitimou essa ação do governo russo. Mas o fato mais importante desse momento político foi que, a partir desse processo, essas regiões foram consideradas parte do território nacional da Rússia, portanto deixava de ser uma operação na Ucrânia, e passava a ser uma guerra entre os países.

Palestina: o colapso da humanidade e da teoria do Direito Internacional e Direitos Humanos

Além da guerra entre Rússia e Ucrânia, com grande influencia da OTAN, em 2023 o governo de extrema direita de Benjamin Netanyahu deu início a um explícito genocídio contra os palestinos, um assassinato em massa com objetivo de exterminar e eliminar territorialmente a Palestina. Analisando o conflito na perspectiva do cenário geopolítico internacional, é relevante lembrar que Israel representa a política externa dos EUA no Oriente Médio e mais uma vez, é responsável pelo envio de armas e dinheiro para sustentar esse conflito.

Ou seja, a promoção de um conflito extremamente bélico mais uma vez aquece setores da economia que os EUA possuem um grande poder: o militar.

Dentro da perspectiva política e ideológica é preciso assumir que vivemos uma profunda crise dos direitos humanos e do direito internacional instaurada pela política genocida de Israel com apoio dos EUA. Dessa forma, os organismos multilaterais, como a ONU e o Conselho de Segurança, se mostram mais uma vez obsoletos sob as novas dinâmicas do mundo caótico de disputa hegemônica.

O presidente Lula tem sido um importante líder na denúncia do genocídio e alerta sobre a ineficiência da governança securitária global. Diversas operações militares não passaram pelo Conselho de Segurança da ONU (Iraque, Líbia, Síria e Gaza por algumas vezes), e foram impostas pelos governos dos EUA, o mesmo que trava os mecanismos de atuação do órgão.

É fundamental nos somarmos ao presidente Lula e defender a reforma do Conselho de Segurança da ONU, a criação de uma nova estrutura mais diversa e que promova a capacidade de articulação dos novos atores do sul global, dos até então excluídos do processo decisório da estrutura de poder internacional.

Também destacamos que será impossível harmonizar as assimetrias de uma nova ordem multipolar sem repensar na arquitetura financeira global, a arquitetura securitária e a política de ciência e tecnologia.

O novo mundo multipolar deve ser construído pela juventude

O atual cenário internacional é instável, belicoso e imprevisível, com diferentes atores e um cenário de disputa da realidade política futura do mundo. De um lado, existem os EUA e seus aliados, que buscam adiar a perda de poder hegemônico do mundo ocidental. De outro, nasce um mundo multipolar, com definições ideológicas em aberto, construída por países em ascensão econômica e com forte poder regional, como os atuais membros dos BRICS: África do Sul, Brasil, Rússia, Índia, China, Egito, Etiópia, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Irã.

Esse mundo, em disputa hoje, promove uma guerra tradicional em completo impasse, um genocídio sob os olhos da comunidade internacional e diversos focos bélicos e desestabilização política como Taiwan, Essequibo e a criação da Aukus.

O tempo e a dinâmica desse mundo é ditado pela indústria bélica e especulação do capital financeiro. E qual o país que tem mais ganhado com isso?





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