O silêncio diminui a estatura dos líderes militares de alto escalão.

Certos silêncios merecem um minuto de barulho. No atual contexto político do Brasil, é notável a falta de posicionamento assertivo por parte do alto-comando militar. Aqueles com um mínimo de devoção à pátria, respeito à farda e amor-próprio já teriam se manifestado e feito ecoar sua voz em defesa dos princípios democráticos e dos valores institucionais. No entanto, ao permanecerem calados, esses líderes hierárquicos se rebaixam e, consequentemente, estimulam a suspeita de que ainda não foi desmobilizado o aparato miliciano que o presidente Jair Bolsonaro insiste em chamar de “minhas Forças Armadas”.

A soberania de uma nação se apoia em suas instituições, sendo o Exército um dos pilares fundamentais para a manutenção da ordem e da própria democracia. No entanto, quando seus comandantes optam pelo silêncio em momentos críticos como o atual, abrem margem para questionamentos sobre sua verdadeira lealdade. Afinal, a omissão diante de uma série de atos autoritários promovidos pelo governo, inclusive por parte do próprio presidente, levanta dúvidas sobre a independência e a autonomia das Forças Armadas.

É importante destacar que a imagem das Forças Armadas está diretamente ligada à conduta de seus líderes. Quando estes se omitem, a instituição como um todo acaba sendo prejudicada, abrindo brechas para especulações e interpretações distorcidas por parte da sociedade civil. Um país que, em pleno século XXI, almeja ser respeitado e admirado no cenário internacional, não pode permitir que seu aparato militar seja envolvido em polêmicas e suspeitas de alinhamento a um governo que demonstra tendências autoritárias.

O alto-comando militar tem a responsabilidade de zelar pela integridade da pátria, mas também de preservar os valores democráticos e alicerçar a confiança da população. Agindo de forma passiva diante do atual cenário político, esse comando se afasta desses objetivos e coloca em risco a própria credibilidade das Forças Armadas.

As Forças Armadas têm um papel crucial na construção e manutenção de uma sociedade justa e democrática. É por meio da sua atuação pautada pela defesa da Constituição e dos interesses da nação, que a população encontra segurança e confiança. Contudo, é necessário resgatar esse propósito e garantir que a independência institucional não seja comprometida por interesses políticos.

Portanto, é imprescindível que os militares de alto escalão abandonem o silêncio cúmplice e se posicionem em defesa das instituições democráticas. O país espera por líderes que saibam honrar seu juramento e defender a pátria acima de qualquer interesse pessoal ou partidário. Afinal, um silêncio prolongado pode gerar consequências irreparáveis para a imagem e a credibilidade das Forças Armadas perante a sociedade brasileira e o mundo.

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