Operações policiais simultâneas em bares e clubes LGBTQIA+ em Moscou geram repressão após decisão da Suprema Corte de proibir atividades do movimento.




Polícia de Moscou realiza operações em bares LGBT+

A polícia de Moscou realiza operações em bares e clubes LGBT+

A polícia de Moscou realizou operações em vários bares e clubes noturnos voltados para a comunidade LGBTQIA+ de forma simultânea, informaram meios de comunicação locais neste sábado (2). Uma sauna exclusiva para homens também teria sido vistoriada.

As batidas ocorrem apenas dois dias após a Suprema Corte da Rússia proibir o que chama de “atividades do movimento global LGBT+” por suposto “extremismo”, ação que abriu caminho para maior repressão.

Em vídeo publicado pelo veículo russo Ostorozhno Novosti, a polícia aparece na entrada de um clube noturno na rua Malaia Iakimanka, onde ocorria uma festa com cerca de 300 pessoas. No Telegram, o veículo afirmou que policiais ingressaram com a justificativa de procurar drogas e que detiveram alguns dos presentes.

Uma testemunha não identificada relatou ao veículo que policiais interromperam a música e entraram em todas as salas do espaço, além de terem tirado foto dos documentos de identidade dos presentes.

Forças de segurança teriam realizado ações em pelo menos três bares durante a noite de sexta-feira (1º), informou o veículo Sota. Já o Ostorozhno Novosti informou que também realizaram uma batida em uma sauna para homens no centro da capital. As informações não puderam ser confirmadas de maneira independente.

Também na sexta, o Central Station de São Petersburgo, um dos clubes gays mais antigos da cidade, anunciou seu fechamento devido à decisão da Suprema Corte. A Rússia decretou em 2022 que o que chama de “propaganda LGBT” era ilegal para todos os públicos, proibindo, assim, a representação de pessoas dessas parcelas da sociedade na imprensa, na internet, nos livros e nos filmes.

Na mais recente decisão da Suprema Corte, na última quinta (30), o juiz presidente da sessão anunciou que endossava um pedido anterior do Ministério da Justiça para proibir as atividades do que autoridades russas interpretam como o “movimento social LGBT global”.

A medida se somou a um padrão de restrições crescentes no país liderado por Vladimir Putin contra a orientação sexual e a identidade de gênero de seus cidadãos. Leis anteriores já proibiram relações sexuais que sejam consideradas não tradicionais —ou seja, que não sejam entre um homem e uma mulher— e proibiram a redesignação sexual, tanto por meios cirúrgicos quanto por recursos legais.

O alto comissário da ONU para direitos humanos, o austríaco Volker Türk, instou autoridades russas a revogarem, de forma imediata, leis que imponham restrições ou que discriminem pessoas LGBTQIA+ no país, em comunicado emitido pouco após a publicação da recente decisão do Supremo russo.

Há muito Putin critica publicamente a comunidade LGBT+. Em 2022, o presidente russo chegou a dizer que a comunidade era influenciada pelo Ocidente, onde “tendências bastante estranhas e novas, como dezenas de gêneros e paradas gay” vinham sendo adotadas.

Ainda assim, o Kremlin afirmou por meio de um porta-voz, pouco antes da decisão da Suprema Corte, que não estaria acompanhando o tema em debate.

Fora do tribunal de Moscou onde o pedido do Ministério Público foi chancelado pela mais alta corte do país, ativistas protestavam na quinta-feira. Ada Blakewell, uma mulher transexual, disse à agência Reuters que a decisão desmascarava as alegações russas de que, no país, não há discriminação contra pessoas LGBT+.

Ela afirmou que, durante um ano, foi submetida —contra sua vontade— às chamadas terapias de conversão, numa tentativa de convencê-la de que não era uma mulher transexual. “Na prática, após a adoção desta decisão judicial, não poderei nem sequer falar sobre terapia de conversão e sobre o que passei”, lamentou ela.

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