Os bastidores da indicação de Moro ao STF

Desde a redemocratização, os presidentes brasileiros têm o poder de indicar ministros para a Suprema Corte, causando muita especulação e polêmica. Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso e José Sarney são alguns dos ex-presidentes que fizeram suas indicações ao longo dos anos. Maurício Corrêa, Nelson Jobim e Paulo Brossard foram alguns dos nomes escolhidos por eles, respectivamente.

No entanto, a escolha mais controversa dos últimos tempos foi a indicação de Sérgio Moro ao STF, em um contexto cheio de reviravoltas e conflitos. Moro deixou o governo Bolsonaro em 2020, alegando interferência na escolha do superintendente da PF no Rio. Em um depoimento em novembro de 2021, Jair Bolsonaro afirmou que Moro condicionou a troca na PF pela sua indicação ao STF. O ex-juiz negou veementemente a acusação, mas a credibilidade de ambos estava em jogo.

A situação de Moro se complicou ainda mais com a revelação das mensagens da Vaza Jato, que mostraram o juiz combinando estratégias com procuradores da Lava Jato. O STF anulou parte do seu trabalho e a desconfiança sobre sua conduta aumentou ainda mais entre os ministros. O advogado de Lula, Cristiano Zanin, acabou assumindo a vaga no STF que seria de Moro, em uma reviravolta irônica.

Mesmo depois de uma reconciliação entre Moro e Bolsonaro em 2022, o presidente desaconselhou seu ex-ministro a tentar vaga no STF, alegando questões políticas. Com o desenrolar dos acontecimentos, fica claro que a relação entre os dois é complexa e cheia de interesses pessoais e políticos.

Se o golpe de Estado planejado por Bolsonaro tivesse sido bem-sucedido, Moro talvez estivesse no STF hoje, ao invés de Flávio Dino. As reviravoltas políticas e as alianças nos bastidores revelam os jogos de poder que permeiam a indicação de ministros para o Supremo Tribunal Federal.