Os riscos da biometria analisada por IA são evidenciados no Oriente Médio.

A identificação biométrica, aliada ao avanço da inteligência artificial (IA), está se tornando uma questão preocupante em regimes autoritários, especialmente no Oriente Médio. Com o aumento da capacidade de identificação e rastreamento de pessoas, bem como o aprimoramento do software de reconhecimento de padrões, os governos autoritários têm a oportunidade de monitorar e controlar seus cidadãos de maneiras sem precedentes.

De acordo com especialistas, o desenvolvimento dessas tecnologias reduziu barreiras financeiras e técnicas, tornando mais rápido e mais barato o armazenamento em massa de dados e seu processamento. Isso abre as portas para a possibilidade de identificar rapidamente um grande número de pessoas em escala, o que amplia o potencial de vigilância arbitrária em massa.

Um estudo de 2022, publicado pelo Instituto Europeu do Mediterrâneo, analisa o poder da IA no Oriente Médio e destaca os perigos do uso da identificação biométrica em regimes autoritários. Segundo os autores, a combinação entre sistemas de identificação biométrica, leis de privacidade fracas e a falta de um Estado de direito e proteções de direitos humanos adequadas é propícia para abusos. Além disso, eles alertam que as ferramentas de IA provavelmente agravam esse cenário.

As nações mais ricas da região, como os países do Golfo, estão entusiasmadas com a identificação biométrica e veem essa tecnologia como fundamental para a transformação digital em andamento. Mohammed Soliman, diretor do programa de tecnologias estratégicas e segurança cibernética do Instituto do Oriente Médio, com sede em Washington, destacou a importância dessas tecnologias para os países do Golfo.

No entanto, a introdução em larga escala da identificação biométrica em regimes autoritários levanta preocupações sobre a privacidade e os direitos humanos. Embora o uso dessas tecnologias possa trazer benefícios para a segurança e eficiência, é essencial garantir que elas sejam implementadas de maneira transparente e com salvaguardas adequadas para evitar abusos das autoridades.

A comunidade internacional e as organizações de defesa dos direitos humanos devem estar atentas ao uso cada vez maior da identificação biométrica nos regimes autoritários do Oriente Médio. É preciso promover a conscientização sobre os riscos envolvidos e pressionar por padrões mais rigorosos em relação à privacidade e aos direitos individuais no uso dessas tecnologias.

No fim das contas, é necessário equilibrar os benefícios que a identificação biométrica pode trazer com a proteção dos direitos e liberdades individuais. A implantação dessas tecnologias deve ser guiada por princípios éticos e legais sólidos, a fim de garantir que não se tornem ferramentas de opressão nas mãos dos governos autoritários.

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