Pesquisa da Pastoral Carcerária aponta violações de direitos em presídios
Um levantamento feito pela Pastoral Carcerária Nacional, organização que trabalha com pessoas presas e seus familiares, revelou que a maioria dos agentes da entidade (53%) testemunhou ou tomou conhecimento de violações de direitos durante suas visitas a unidades prisionais.
De acordo com o estudo, quase metade (47,6%) dos entrevistados já presenciou a suspensão arbitraria de visitas religiosas, sem aviso prévio. Além disso, 64% dos agentes relataram ter tido dificuldades para entrar em presídios com itens religiosos, como Bíblias e terços.
Outros objetos, como crucifixos, santinhos, marca-páginas, violões, canetas, livros e velas, também foram citados como sendo proibidos de entrar nas unidades prisionais, conforme apontou a pesquisa.
A pesquisa, que ouviu 460 agentes da Pastoral Carcerária espalhados pelo Brasil, revelou que 80% deles passam por algum tipo de revista na entrada das prisões. Além disso, 67% dos entrevistados enfrentam restrições nos locais de visita dentro das unidades prisionais, com 45,9% apontando que o pátio é o espaço mais comum, embora as celas geralmente permaneçam fechadas.
Opinião da Pastoral Carcerária Nacional
A entidade destacou que o direito à assistência religiosa em espaços de privação de liberdade é frequentemente desrespeitado, prejudicando tanto as pessoas presas quanto os representantes religiosos. A Pastoral enfatizou que o encarceramento em si contribui para a violação constante dos direitos básicos das pessoas presas e seus familiares.
O estudo completo realizado pela Pastoral Carcerária Nacional será divulgado em um evento na terça-feira (5), em São Paulo, com transmissão pelas redes sociais da entidade.
Outras informações
Entre os agentes entrevistados, 62% eram mulheres, sendo que 52% se identificaram como pretas ou pardas. Além disso, 73,9% dos respondentes são leigos, ou seja, não são membros oficiais da Igreja Católica como bispos, sacerdotes, diáconos ou irmãos.
Segundo o levantamento, quase metade (47,8%) dos agentes consideram que o tempo de visita não é suficiente para atender à demanda de assistência religiosa, e 48,3% afirmam que a quantidade de emissários pastorais autorizados é insatisfatória.
Evento de lançamento de livro
No último evento de lançamento do romance “Abaixo a Vida Dura” do escritor Cadão Volpato, diversos convidados marcaram presença na Livraria Megafauna, em São Paulo, incluindo a escritora Vilma Arêas. O autor participou de um bate-papo com Rodrigo Naves, crítico literário, durante a ocasião.
Por Bianka Vieira, Karina Matias e Manoella Smith