Petróleo atinge valor mais alto desde novembro de 2021 e aumenta preocupações sobre inflação e juros

O preço do petróleo tem registrado um aumento constante desde que Arábia Saudita e Rússia anunciaram sua decisão de manter os cortes na produção até o final do ano. Esse aumento já vinha ocorrendo, mas no último dia 27 de junho, o barril do tipo Brent estava sendo vendido por cerca de US$ 73. Hoje, ele está em torno de US$ 95, um aumento de aproximadamente 30% e o valor mais alto desde novembro do ano passado.

Nos Estados Unidos e na União Europeia, já se discute como esse aumento do preço do petróleo pode impactar o controle da inflação. E aqui no Brasil?

No mercado americano, que nos interessa diretamente, o preço da gasolina teve um aumento de cerca de 7% desde o dia 26 de junho, em dólares (ou 9% em reais), enquanto o preço do diesel aumentou 24% em dólares e 26% em reais. Segundo algumas estimativas, o preço brasileiro dos derivados do petróleo está entre 9% e 13% abaixo do preço internacional relevante para o nosso mercado. Ou seja, ainda temos uma defasagem nos preços em relação ao mercado internacional.

Mas isso não significa que o recente aumento nos preços do petróleo irá chegar até aqui. A Petrobras possui uma política de reajuste de preços própria e ainda não sabemos se haverá alguma mudança em breve. O último reajuste feito pela empresa aconteceu em 16 de agosto, então é difícil acreditar que haverá outro tão cedo.

No entanto, o encarecimento do petróleo afeta diversas áreas. Uma inflação em alta por mais tempo pode impactar as taxas básicas de juros dos Estados Unidos e da União Europeia, o que por sua vez pode fortalecer o dólar em relação a outras moedas. Além disso, a economia mundial não esfriou tanto quanto previsto e o consumo de petróleo está maior do que o esperado, principalmente na China. Com os estoques relativamente baixos, os preços tendem a subir.

A importação chinesa de petróleo aumentou 12% no primeiro semestre deste ano, em relação à média de 2022. Somente do Brasil, a importação aumentou 49%, passando de 510 mil barris para cerca de 760 mil. A China também está comprando mais petróleo da Rússia, do Irã e da Arábia Saudita.

O petróleo russo tipo Urais está sendo vendido a um valor acima do “teto” ocidental estabelecido para esse produto, o que traz mais renda para o governo russo. Já a Arábia Saudita precisa de dinheiro não apenas para bancar seu programa de diversificação econômica, mas também por conta de suas relações complicadas com o Ocidente.

A conversa sobre um petróleo a US$ 100 está se espalhando entre analistas e jornais financeiros do mundo rico. O próximo desafio do Banco Central americano, o Fed, seria lidar com o petróleo a esse preço, buscando reduzir as taxas de juros o mais rápido possível.

Até o momento, não há previsões de um aumento adicional nos preços do petróleo. No entanto, esse recente aumento já causou impactos. No Brasil, podemos esperar um aumento na renda com petróleo, tanto para o governo quanto para a Petrobras. A dúvida é qual será o efeito dessa nova situação nos preços dos combustíveis e como isso irá afetar a relação entre o governo, o PT e a Petrobras.

*Texto produzido com base em conteúdo de terceiros.

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