PP e Republicanos buscam acordo com Lula, negociando ministérios, ao mesmo tempo que buscam aproximação com membros do bolsonarismo.

Enquanto negociações pelo governo Lula (PT) estão em andamento, as lideranças do PP e do Republicanos estão buscando manter relações com o bolsonarismo. A estratégia é manter as portas abertas com ambos os campos políticos, aguardando qual será o melhor rumo a ser seguido, com foco nas eleições e na correlação de forças no Congresso.

Embora o PP e o Republicanos tenham integrado formalmente a base de apoio do governo de Jair Bolsonaro (PL), ambas as siglas possuem alas que se alinharam a Lula desde a campanha presidencial do ano passado.

Publicamente, o senador Ciro Nogueira (PI), líder do PP, e o deputado Marcos Pereira (SP), presidente do Republicanos, classificam seus partidos como de direita, rejeitam participar do governo e afirmam que as siglas continuarão independentes.

No entanto, ambos deram o aval para a costura dos acordos que tornarão os deputados Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) e André Fufuca (PP-MA) ministros, ainda que as pastas não tenham sido definidas.

Nogueira, que já foi aliado do PT, afirma agora que nunca mais se aliará ao partido. Já o Republicanos tem o governador Tarcísio de Freitas (São Paulo) como um de seus principais ativos políticos. Além disso, conta com uma bancada extremamente bolsonarista no Senado.

Apesar disso, há membros no Republicanos que não rejeitam um apoio mais incisivo da cúpula do partido ao petista no futuro, embora acreditem que isso só ocorrerá depois de uma avaliação mais clara de Lula.

Marcos Pereira aspira suceder Arthur Lira (PP-AL) na presidência da Câmara e, para isso, busca atrair o apoio do Palácio do Planalto ou pelo menos evitar que os governistas atrapalhem esse plano. A candidatura de Pereira agrada até mesmo integrantes do Planalto.

Além disso, o presidente do Republicanos pode se fortalecer dependendo da costura política do Senado. Se a candidatura do senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) para comandar a Casa depois de 2025 for viabilizada, a estratégia do deputado Elmar Nascimento (União Brasil-BA) perderá força na Câmara.

Elmar é aliado de Lira e é apontado como um candidato natural à sucessão do presidente da Câmara. No entanto, alguns membros do Congresso acreditam que a União Brasil teria muito poder se comandasse as duas Casas.

Outro argumento utilizado por Pereira é que ele não pode tirar a oportunidade de Silvio Costa Filho, que representa a ala governista do partido, de integrar o primeiro escalão.

O Republicanos também considera a possibilidade de Lula estar bem avaliado no segundo biênio de seu mandato e chegar em 2026 com força para ser reeleito ou fazer um sucessor.

Pereira tem reclamado da demora na resolução da reforma ministerial, o que tem aumentado a pressão da ala bolsonarista do partido. O governador Tarcísio admitiu recentemente a possibilidade de deixar o Republicanos caso o partido integre a base do presidente Lula, mas Pereira afirmou que a situação está sob controle.

A decisão de não integrar oficialmente a base de Lula também considera o impacto que essa aliança teria no futuro político de Tarcísio, uma das principais apostas do partido. O presidente do Republicanos indicou que deve pedir a Silvio Costa que se licencie do partido, e a nomeação do deputado para o ministério depende de uma reunião entre Pereira e Lula.

Em março, Pereira afirmou em entrevista à imprensa que o partido permaneceria independente e não faria parte da base de apoio ao governo Lula no Congresso Nacional. Ele também apontou Tarcísio como potencial candidato à Presidência da República no lugar de Bolsonaro.

Outro motivo apontado pelas cúpulas do PP e Republicanos para adotarem uma postura independente é a necessidade de respeitar questões regionais para manterem-se fortes e em ascensão.

Alguns parlamentares afirmam que precisam manter laços com o petismo para sobreviverem politicamente, enquanto outros dependem do bolsonarismo. Além disso, há uma ala dentro das siglas que depende de recursos provenientes de emendas para prefeitos, sendo necessário estabelecer uma interlocução com qualquer governo.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo