Prefeito enfrenta comissão especial na Câmara de Glicério por “macumbeiros que têm pacto com o diabo” e pode sofrer impeachment.






Texto do Jornalista

O caso do prefeito de Glicério

O prefeito Ildo de Souza, conhecido como Ildo Gaúcho (PSDB), está enfrentando um sério problema em sua gestão na cidade de Glicério, no interior de São Paulo. Ele está sendo alvo de uma comissão especial de inquérito na Câmara Municipal após publicar um texto com teor ofensivo em relação aos praticantes de religiões de matriz africana no último domingo, 10 de janeiro. Esse ato tem levantado questionamentos sobre um possível crime de intolerância religiosa cometido pelo chefe do Executivo municipal.

Informações apontam que o caso repercutiu bastante na cidade, que possui pouco mais de 4 mil habitantes e está localizada a 443 km da capital. Glicério ganhou fama nas eleições de 2018 por ser a cidade natal do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A pressão sobre Ildo Gaúcho foi tanta que ele acabou removendo a publicação controversa e divulgou uma nota de esclarecimento, na qual alegou que não teve intenção de causar conflitos religiosos, ressaltando que a diversidade de crenças e a liberdade para professar cada uma delas são fundamentais em uma sociedade justa e plural.

A postagem inicial de Ildo Gaúcho incluía várias ofensas aos praticantes de religiões de matriz africana, o que gerou ainda mais polêmica. Além disso, a Câmara de Glicério tem 90 dias para investigar se o prefeito cometeu realmente um crime de intolerância religiosa. Vale ressaltar que a comissão especial de inquérito não tem poder para cassar o mandato do prefeito, sendo necessária a criação de uma comissão processante para tal finalidade.

Além da comissão especial de inquérito, também houve a abertura de um boletim de ocorrência contra o prefeito. A polícia irá abrir um inquérito para investigar a postagem de Ildo Gaúcho e avaliar se houve violação de leis referentes à liberdade religiosa. Segundo o código penal brasileiro, violações desse tipo podem resultar em detenção e multa, além de cumprimento de penas em regime aberto.

O caso gerou grande repercussão e o Centro Cultural Obadará Africanidade de Araçatuba, cidade a 35 km de Glicério, emitiu uma nota de repúdio. O grupo condenou veementemente as declarações do prefeito, classificando-as como perversas e nefastas. A organização ressaltou que as opiniões pessoais não podem servir como desculpa para disseminar desinformação, preconceito, ódio, racismo e intolerância religiosa.

Diante do cenário conturbado, espera-se que as investigações sejam conduzidas de forma imparcial e que as devidas providências sejam tomadas caso se confirme o crime de intolerância religiosa por parte do prefeito. O Jornal O Estado de São Paulo tentou contato com Ildo Gaúcho, mas até o momento da publicação desta reportagem, não obteve resposta do prefeito.


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