Durante o programa, o especialista abordou a pandemia da Covid-19 e como as farmacêuticas dificultaram o processo de criação de vacinas devido à propriedade intelectual. Stiglitz e um grupo de ganhadores do Nobel enviaram uma carta ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, solicitando alterações nessa regra.
“Nesse sistema de propriedade intelectual, tivemos uma cláusula de licenciamento compulsório nos contextos de epidemia ou pandemia, mas as farmacêuticas conseguiram subverter sua aplicação, transformando-a em um pesadelo jurídico. Obter o licenciamento compulsório levaria muito tempo e, durante uma pandemia, não podíamos esperar. O vírus se espalhava rapidamente”, destacou o professor.
Stiglitz apontou que as redes farmacêuticas colocaram o lucro acima das vidas humanas ao não aceitar o rompimento do licenciamento compulsório. Sem essa barreira, mais países poderiam produzir vacinas e terapias, atendendo à escassez de oferta. O economista ressaltou a falta de efetividade do sistema internacional diante da força das companhias farmacêuticas.
Em relação à propriedade intelectual, Stiglitz afirmou que ela deveria promover a inovação, mas o que ocorreu foi um “apartheid de vacina”, onde a maior parte do mundo ficou sem acesso às vacinas enquanto as empresas lucram.
O programa contou com a participação de diversos entrevistadores, como Alex Ribeiro, do Valor Econômico, Laura Karpuska, do Insper, Jefferson Nascimento, da Oxfam Brasil, Vilma da Conceição Pinto, da IFI, e Vinicius Torres Freire, da Folha de S. Paulo. Luciano Veronezi, cartunista, também participou do debate.
Com apresentação de Vera Magalhães, o Roda Viva foi ao ar às 22h na TV Cultura, no site da emissora, no aplicativo Cultura Play e nas redes sociais como X (antigo Twitter), YouTube, TikTok e Facebook.
