Presidente da Cargill lidera movimento mundial para descarbonizar a indústria naval com tecnologia das velas no graneleiro Pyxis Ocean.

No último final de semana, o presidente da divisão nacional da Cargill, Paulo Sousa, participou de uma entrevista para a emissora de TV a bordo do graneleiro Pyxis Ocean. Com a pele vermelha pelo sol, Sousa ouviu com tranquilidade que a entrevista teria que ser refeita, já que algumas pessoas passaram atrás da câmera e “sujaram” a imagem. Sem se perturbar, ele respondeu que estava tudo bem.

Para Sousa, esse era um momento especial, pois o graneleiro chegou ao Brasil na semana passada com suas duas velas de fibra de vidro, cada uma com 37,5 metros de altura. Durante a entrevista, o presidente mostrou a tecnologia das velas aos jornalistas e autoridades presentes. Segundo ele, ser presidente da divisão nacional da Cargill, uma gigante multinacional de alimentos com 650 navios fretados, é muito gratificante.

No entanto, o sucesso de Sousa não foi apenas uma questão de sorte. Com uma trajetória de 33 anos na empresa, ele começou como trainee em 1990 e, desde 2016, é líder da divisão de commodities agrícolas da América do Sul. A partir de 2019, Sousa acumula esse cargo com a presidência da Cargill no Brasil.

Mas, se fosse apenas pelo dinheiro, o executivo estaria preocupado com outros assuntos além da primeira viagem do Pyxis Ocean. Ele admite que o retorno financeiro não será imediato e nem está garantido. No entanto, Sousa vê essa experiência como algo importante para o futuro. A Cargill investiu nas velas do graneleiro, que foram desenvolvidas em parceria com duas empresas de tecnologia e a União Europeia.

A Cargill teve um faturamento de US$ 176,7 bilhões no último ano, sendo que a operação no Brasil ultrapassou os R$ 100 bilhões em 2022. A empresa é uma das principais marcas do comércio global de soja e também é relevante em outros grãos, como cevada, milho e trigo. Além disso, possui diversas fábricas e terminais nos portos brasileiros.

A experiência do graneleiro Pyxis Ocean é vista por Sousa como uma perspectiva para o futuro. Ele acredita que liderar um movimento mundial em busca de soluções para descarbonizar a indústria naval é algo inovador e importante para o setor. A indústria naval é conhecida por suas altas emissões de carbono, o que preocupa na meta de zerar essas emissões até 2050. O combustível usado, chamado de heavy fuel, é considerado pesado e extremamente poluente.

Apesar de ser uma solução temporária, a tecnologia WindWings, presente no Pyxis Ocean, pode ajudar as empresas a ganharem tempo na busca por combustíveis renováveis. Sousa ressalta que quando essa solução for encontrada, será realmente a solução definitiva para o setor. Ele destaca a importância dessa busca pelo combustível renovável e como isso pode afetar as rotas marítimas no transporte de cargas.

Com uma longa experiência na Cargill, Sousa já ocupou diversos cargos na empresa e esteve envolvido em transformações de mercado importantes, como a mudança da China de exportadora para importadora de soja. Sua formação em zootecnia e seu MBA em administração pela FGV o ajudaram a se destacar na empresa. Antes de entrar para a Cargill, Sousa até mesmo trabalhou na Folha de São Paulo, onde escrevia textos sobre agronegócio e veículos.

Em resumo, a entrevista com Paulo Sousa revelou não apenas sua experiência na indústria naval, mas também sua visão sobre o futuro e a importância de buscar soluções sustentáveis para o setor. A tecnologia das velas do graneleiro Pyxis Ocean representa um avanço nessa direção, mesmo que temporário, e a Cargill está comprometida em liderar esse movimento mundial em busca da descarbonização e do uso de combustíveis renováveis na indústria naval.

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