De acordo com o presidente do BC, tecnologias como o Pix podem contribuir para a redução do número de fraudes em transações financeiras, desde que seja possível coibir a criação do que ele chamou de “contas fantasma” ou “laranjas”. Ele ressaltou que alguns bancos precisam melhorar a forma como as pessoas abrem contas, pois atualmente é muito fácil abrir uma conta bancária. Campos Neto inclusive relatou a experiência de diminuir a qualidade de uma foto para verificar se conseguiria abrir uma conta em um banco, e ele conseguiu.
Campos Neto afirmou que, em tese, o Pix diminui as fraudes, pois muitas transações em dinheiro vivo passam a ser realizadas por meio dessa plataforma, o que torna as operações rastreáveis. No entanto, ele ressaltou a importância de combater a abertura de contas de aluguel e contas fantasmas.
O presidente do BC também mencionou que a autoridade monetária tem buscado responsabilizar os bancos pela abertura irregular de contas em relação ao Pix. Além disso, ele destacou que o BC tem planos de criar uma assistente virtual, uma inteligência artificial, para auxiliar pessoas que têm dificuldades em lidar com os novos meios de pagamento.
Durante o evento, Campos Neto abordou também os erros de projeção em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. Segundo ele, há cerca de oito anos, os analistas previam um crescimento potencial de 2,8% ao ano e defendiam que era necessário realizar reformas em áreas como previdência, trabalho, tributação e marcos regulatórios para alcançar um crescimento mais acelerado. O BC argumenta que cerca de 80% dessa agenda foi atendida desde então, mas hoje os economistas apontam que o PIB potencial seria de apenas 1,8%.
Campos Neto também mencionou a possibilidade de ganhos de produtividade no futuro com o avanço da inteligência artificial. Ele citou estudos que mostram que as empresas que utilizaram a IA como uma ferramenta de auxílio, e não de substituição de funcionários, foram as que mais obtiveram lucros com essa tecnologia.
No evento, o presidente do BC também criticou propostas de criação de moedas únicas para facilitar o comércio entre países. Para ele, as novas tecnologias digitais já oferecem benefícios como eficiência no comércio exterior, facilitação de pagamentos e integração de cadeias produtivas em diferentes países, sem a necessidade de abrir mão da soberania na definição da política monetária. Vale ressaltar que a criação de uma moeda comum entre Brasil e Argentina tem sido defendida pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
