Presidente Lula desembarca em Berlim para fortalecer relações Brasil-Alemanha e marcar novo capítulo na relação entre PT e SPD.




Jornal Luiz Inácio Lula da Silva chega à Alemanha

Presidente Lula desembarca em Berlim

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarcou em Berlim neste domingo (03) na primeira viagem oficial de um chefe de Estado brasileiro à Alemanha desde 2012. Além de marcar uma nova etapa na retomada das relações entre os dois países, a viagem vai reunir figuras de dois partidos que há décadas mantêm relações estreitas: o Partido dos Trabalhadores (PT) de Lula e o Partido Social-Democrata (SPD, na sigla em alemão) do chanceler federal Olaf Scholz e do presidente Frank-Walter Steinmeier.

A viagem do presidente Lula à Alemanha é considerada um marco importante nas relações bilaterais entre os dois países. Isso porque o Partido dos Trabalhadores e o Partido Social-Democrata estabeleceram laços estreitos ao longo das últimas décadas, com ambos os partidos sendo de centro-esquerda e fortemente ligados a movimentos sindicais.

A história das relações entre o PT e o SPD remonta à década de 1980, com os primeiros laços entre os dois partidos surgindo antes mesmo da fundação do partido brasileiro. Durante o período em que liderou greves no ABC, Lula recebeu diversas manifestações de solidariedade do influente sindicato metalúrgico alemão IG Metall, cujos líderes são tradicionalmente ligados ao SPD. Essas ligações foram destacadas no livro “Lula”, do jornalista Fernando Morais, que aponta que na década de 70, um banqueiro acreditava que Lula era um “agente do sindicalismo alemão”. O ex-chanceler federal Helmut Schmidt, que se reuniu com Lula em 1979, em plena ditadura militar, foi outro importante aliado desse intercâmbio político.

Desde então, o PT e o SPD mantiveram uma relação de cooperação política, com a Fundação Friedrich-Ebert (FES), entidade associada ao SPD, passando a atuar no Brasil em 1985. Representantes do PT e do SPD se reuniram em vários encontros ao longo dos anos, mesmo em momentos difíceis para os petistas, como nos anos que se seguiram ao impeachment de Dilma Rousseff, tornando-se um ponto de apoio na Europa para que os dois ex-presidentes criticassem a situação política e judiciária do Brasil.

O entusiasmo do SPD com o retorno de Lula à política também foi evidenciado após o petista recuperar seus direitos políticos em 2021. O presidente Lula desfrutou de uma recepção calorosa em Berlim, onde se reuniu com destacados membros do partido, incluindo o então candidato à chancelaria, Olaf Scholz.

Essa ligação entre Lula e o SPD não é puramente política, já que mesmo durante as provações da Lava Jato, membros do partido manifestaram solidariedade ao ex-presidente. A ex-ministra da Justiça, Herta Däubler-Gmelin, criticou a conduta do juiz Sergio Moro e apontou violações processuais graves durante o julgamento de Lula. Além disso, deputados do SPD fizeram declarações em apoio a Lula durante o processo de impeachment de Dilma Rousseff.

Em um contexto de crescentes tensões entre Brasil e Alemanha, a união do PT e do SPD representa um esforço conjunto para reforçar a cooperação e a troca de ideias entre as nações.


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