Presidente Lula rejeita GLO e opta por intervenção no DF para conter ataques golpistas em Brasília





Presidente Lula rejeita GLO em meio a manifestações golpistas em Brasília

O presidente Lula (PT) assistia às cenas de vandalismo nos prédios dos Três Poderes e debatia com ministros a solução para dar fim aos ataques golpistas em Brasília, em 8 de janeiro de 2023, quando reagiu com veemência à hipótese de decretar uma GLO (Garantia da Lei e da Ordem) —que consistiria em chamar as Forças Armadas para conter os atos.

Segundo relatos, o presidente bateu na mesa e afirmou indignado que, se os militares quisessem poder, que disputassem as eleições.

“Nas conversas que eu tive com o ministro Flávio Dino [da Justiça], e foram muitas conversas, dentre várias coisas que ele me falou, ele aventou que uma das possibilidades era fazer GLO. E eu disse que não teria GLO. Eu não faria GLO porque quem quiser o poder que dispute as eleições e ganhe, como eu ganhei as eleições”, contou Lula, em declaração enviada à Folha sobre os acontecimentos daquele dia.


O dia 8 de janeiro de 2023 foi marcado por momentos de tensão e decisões cruciais tomadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva diante dos confrontos e vandalismo que assolaram Brasília. O palco dos protestos, que pareciam beirar um cenário golpista, foi o ponto de discussão entre o presidente e seus ministros. O clima de desconfiança em relação ao uso da força militar dominava as conversas no gabinete de crise montado na Prefeitura de Araraquara (SP), onde Lula acompanhava a ajuda às vítimas das fortes chuvas.

A proposta de decretar a Garantia da Lei e da Ordem (GLO) foi veementemente rejeitada por Lula, que enfatizou sua convicção de que crises políticas devem ser resolvidas na política. O presidente não hesitou em expressar sua indignação, rejeitando a ideia de ceder o controle da situação para outras instâncias que não fossem as eleições, por meio das quais ele próprio havia conquistado o poder. Nas palavras do presidente: “Eu não faria GLO porque quem quiser o poder que dispute as eleições e ganhe, como eu ganhei as eleições.”

A intervenção no Distrito Federal foi a alternativa escolhida por Lula, em meio a uma série de opções apresentadas pelos ministros, que foram desde a GLO até medidas mais drásticas, como estado de sítio ou de defesa, esta última rechaçada pelo presidente. A postura firme de Lula em rejeitar a GLO se estendeu até mesmo a seu círculo mais próximo, com a primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, manifestando-se contra a proposta de entregar o poder civil aos militares.

Dentre as inúmeras negociações e contatos estabelecidos pelo presidente, destacou-se a decisão de intervir no DF, que resultou no afastamento do governador Ibaneis, por decisão do ministro Alexandre de Moraes. A atitude de Lula em confrontar os manifestantes e expressar sua determinação em preservar a democracia foi marcada por um discurso incisivo, no qual ele exortou a punição exemplar daqueles que ameaçavam a ordem e a estabilidade do país.

Ao retornar a Brasília e tomar as rédeas da situação, Lula articulou a reação do dia seguinte, reunindo governadores no Planalto e liderando uma marcha rumo ao STF, numa demonstração contundente de apoio à democracia. O presidente também determinou a prisão dos manifestantes que haviam retornado ao acampamento em frente ao Quartel-General do Exército, mostrando-se firme em sua postura de resguardar a estabilidade institucional. Mais tarde, ministros foram ao hotel onde Lula estava hospedado em Brasília para discutir a operação do dia seguinte e uma manifestação que reafirmasse o compromisso com a democracia.

O papel de Lula como líder intransigente na defesa da democracia foi fundamental para manter a estabilidade diante das manifestações golpistas em Brasília, marcando sua trajetória política e reafirmando seu compromisso com o Estado de Direito.


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