Prévias de 2024 nos EUA demonstram falta de alternativas e fragilidade democrática em processo eleitoral polarizado.

As prévias eleitorais para as eleições presidenciais de 2024 nos Estados Unidos têm revelado um cenário pouco surpreendente, com os principais candidatos de ambos os partidos sendo tratados como favoritos sem deixar espaço para concorrência. Do lado democrata, o atual presidente Joe Biden é considerado o candidato óbvio, apesar de sua baixa aprovação e de estar prestes a completar 82 anos. Enquanto isso, no lado republicano, o ex-presidente Donald Trump caminha tranquilamente para a candidatura, apesar de enfrentar 91 acusações na Justiça.

Essa situação tem levado os outros possíveis concorrentes a desistirem ou a não apresentarem uma ameaça significativa aos favoritos. Ron deSantis abandonou a corrida depois dos resultados em Iowa, enquanto Nikki Haley, a única concorrente ativa de Trump, não conseguiu ultrapassar o ex-presidente, mesmo em estados onde o eleitorado é mais moderado e os independentes ativos, como em New Hampshire. Nas próximas semanas, ela deve enfrentar uma derrota em seu estado natal, a Carolina do Sul.

No entanto, o processo de prévias eleitorais tem se transformado em uma etapa meramente formal no processo eleitoral dos Estados Unidos. Com isso, não tem proporcionado discussões substantivas dentro dos partidos ou espaço para a renovação de lideranças. Isso reflete a concentração de recursos e esforços na conquista imediata do título, em detrimento do desenvolvimento de talentos e novas estratégias de forma a comprometer a competitividade no longo prazo.

Mas o maior problema desse cenário é a normalização da ideia de que “não há alternativa” aos nomes já estabelecidos, o que sugere uma democracia profundamente fragilizada nos Estados Unidos. A polarização e crise dos partidos, aliadas ao personalismo e à dependência do “mais do mesmo”, comprometem a capacidade do país de se reinventar.

Portanto, a política norte-americana se vê estagnada em escolhas limitadas e figuras impopulares, refletindo a sociedade que se contenta em escolher entre o “menor pior”. Isso representa um grande desafio para um país que se considera excepcional por sua crença de ter instituído um modelo de democracia representativa.

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