Proibição do uso da abaya nas escolas francesas causa controvérsia no início do ano letivo, agendado para setembro.

O anúncio feito pelo novo ministro francês da Educação, Gabriel Attal, proibindo o uso da túnica muçulmana abaya nas escolas, ganhou destaque nos jornais franceses nesta segunda-feira (28). A decisão foi tomada devido ao crescimento do número de alunos que utilizam essa vestimenta, principalmente no ensino fundamental e médio.

Em entrevista ao canal TF1 no domingo à noite (27), o ministro foi enfático ao afirmar: “Decidi que o uso da abaya será proibido na escola. Quando entramos em uma sala de aula, não devemos ser capazes de identificar a religião dos alunos apenas olhando para eles”. Attal justificou sua decisão com base no princípio da laicidade, garantido pela lei francesa que proíbe o uso de símbolos religiosos nas escolas do país, adotada em março de 2004.

A proibição da abaya tem gerado grande debate na sociedade francesa. Enquanto alguns defendem a medida como uma forma de garantir a neutralidade religiosa nas escolas, argumentando que a religião deve ficar restrita ao âmbito privado, outros a veem como uma violação da liberdade de expressão religiosa.

O aumento no número de alunos usando a abaya tem chamado a atenção das autoridades educacionais, que afirmam que a vestimenta pode causar desconforto e até mesmo prejudicar o processo de ensino-aprendizagem. Além disso, há preocupações sobre a divisão entre estudantes muçulmanos e não muçulmanos que a vestimenta pode causar.

No entanto, críticos da decisão do ministro destacam que a proibição da abaya não resolve os problemas mais urgentes da educação na França, como a falta de recursos, a precariedade das infraestruturas escolares e a desigualdade de acesso à educação. Eles argumentam que o foco deveria ser direcionado para questões mais relevantes e que a proibição só contribui para a estigmatização da comunidade muçulmana no país.

O debate em torno dessa proibição reflete questões mais amplas sobre a laicidade e a liberdade religiosa na França, temas que têm sido objeto de discussão constante nos últimos anos. Enquanto alguns consideram a laicidade um pilar fundamental da identidade francesa, outros questionam se essa visão não acaba marginalizando certos grupos religiosos, como os muçulmanos.

Enquanto a polêmica continua, resta aguardar para ver como será a implementação da proibição da abaya nas escolas francesas e quais serão os desdobramentos dessa decisão no cenário político e social do país.

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