Radicalização no mundo evangélico: sequelas deixadas pelo governo Bolsonaro exigem respostas além da boa comunicação. A realidade é de negação.






Análise sobre o impacto do governo Bolsonaro no mundo evangélico conservador brasileiro

Análise sobre o impacto do governo Bolsonaro no mundo evangélico conservador brasileiro

É preciso levar em consideração que o governo Bolsonaro e sua radicalização deixaram sequelas profundas no mundo evangélico conservador brasileiro. Imaginar que essa sequela será superada com uma “boa comunicação” não vai ajudar. Isso é estado de negação.

A população evangélica brasileia, majoritariamente, sempre teve um ethos conservador. Aliás, conservador é tipicamente o perfil da própria sociedade brasileira. Como, afinal, a população evangélica poderia ser? A máquina bolsonarista, no entanto, transformou parte desse conservadorismo em radicalização.

Se a estratégia do governo é equivocada, e sem a leitura correta, cada passo que o governo dá em direção aos evangélicos, tentando ao mesmo tempo fingir que não está fazendo isso (principalmente) para se aproximar dos evangélicos, é um empurrão de dez passos nas estratégias da extrema-direita em direção aos evangélicos. Em outras palavras, a extrema-direita vai chegar mais rápido.

Ao se orientar pelo que as pesquisas estão dizendo sobre o humor dos evangélicos com relação à gestão Lula, o governo foca energia em responder às pesquisas, e não em entender e interagir necessariamente com os evangélicos. Isso não quer dizer que as pesquisas são equivocadas ou imprecisas, mas vale destacar que não existe hoje, no Brasil, uma pesquisa que mergulhe na complexidade do universo evangélico.

Há um consenso sobre a diversidade do segmento e que não se trata de um grupo “monolítico”, para usar uma palavra em ascensão para abordar o assunto. Mas todas as pesquisas parecem partir do pressuposto de que, no fundo, os evangélicos são sim um grupo monolítico, conservador e apegado a pautas morais. A diversidade evangélica é reconhecida, mas não é vista, e, portanto, parece não entrar no cálculo do governo.

Em confronto com o governo Lula, a extrema-direita evangélica sabe que não tem poder de bater de frente. Malafaia, Magno Malta, Feliciano, Damares, não possuem apelo e força suficiente a ponto de serem uma ameaça ao governo Lula. Tudo que lhes resta é explorar politicamente os índices de desaprovação entre os evangélicos que tem sido apontada por institutos de pesquisas.


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