Raízes em Marx: A importância do titoísmo na continuidade do marxismo-leninismo

Raízes em Marx: O Socialismo Iugoslavo e o Modelo Titoísta

Em uma entrevista recente, um convidado levantou um debate sobre a diferença entre o modelo “titoísta” e o marxismo-leninismo. Essa discussão é crucial, pois questiona se o “titoísmo” é apenas uma deturpação do marxismo ou uma via alternativa legítima. Apesar de pouco estudado no Brasil, o socialismo iugoslavo tem sido frequentemente reduzido a uma abordagem “moderada” do socialismo, abandonando princípios essenciais do marxismo como a coletivização da propriedade e a planificação econômica. No entanto, uma análise mais aprofundada mostra que o modelo iugoslavo se fundamenta em críticas à experiência soviética e busca uma abordagem mais coerente com a teoria marxista.

O “titoísmo” não representa um recuo do marxismo-leninismo, mas sim uma busca por um modelo econômico mais autogestionário, baseado em ideias de descentralização e cooperação presentes nos escritos de Marx e Lenin. Marx, em sua obra, demonstrou uma apreciação pelas formas cooperativistas e pela autogestão da produção. A ideia de fim do monopólio dos meios de produção e a cooperação entre os trabalhadores estão presentes em textos como o Manifesto Comunista e outros escritos de Lênin. Esses conceitos são essenciais para compreender o socialismo iugoslavo e sua base teórica.

O modelo iugoslavo também se destaca em questões sociais, como direitos das mulheres e das minorias étnicas e sexuais. O país foi pioneiro em políticas afirmativas e avançou em direitos que ainda eram incipientes nos Estados Unidos. Além disso, o sistema socialista iugoslavo garantiu liberdade religiosa sem privilegiar nenhuma religião em particular. As universidades iugoslavas, por exemplo, ofereciam cursos de Teologia para diferentes credos, mas isso não significava que essas religiões detinham um papel privilegiado na lei ou no Estado.

É importante ressaltar que essas características não são uma tentativa de moderar o socialismo, mas sim de aprimorar suas contradições e avançar em direção a uma sociedade mais equitativa e democrática. Já o discurso fascista que vem sendo defendido pela Nova Resistência, apelidado de “jequismo”, rejeita a modernidade e busca preservar supostos valores “tradicionais”. Essa postura se opõe à essência do socialismo, que busca superar as contradições da modernidade de forma dialética.

Em breve, a Ruptura Editorial lançará um livro sobre o titoísmo, proporcionando uma nova fonte de estudos em português e um espaço para aprofundar o debate sobre os sucessos e os limites da experiência socialista iugoslava. É necessário quebrar com os preconceitos e estereótipos em torno desse modelo, e compreender que o socialismo iugoslavo está enraizado nas bases teóricas e práticas do marxismo e do leninismo.

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