A apresentação foi marcada por uma conexão entre São Paulo e Rio de Janeiro, simbolizando uma espécie de passagem de bastão entre o festival paulista e sua versão carioca, o Rock in Rio, ambos organizados pelos mesmos promotores.
Mais cedo, o palco Skyline recebeu os artistas de São Paulo, Hariel e Ryan SP, junto com o carioca Cabelinho. Já às 19h, foi a vez do encontro entre Criolo, nascido no bairro de Grajaú, colado ao Autódromo, e o Planet Hemp, renomada referência carioca no gênero do rap.
Sob o comando de Marcelo D2, a banda de três décadas de trajetória começou sua participação no show logo após a música “Grajauex”, quando uma câmera nos bastidores mostrou os integrantes jogando dominó. Através da canção “Distopia”, lançada no ano passado em seu último álbum “Jardineiros”, o grupo subiu ao palco.
A atmosfera ficou impregnada brevemente com a fumaça doce dos cigarros eletrônicos e da maconha. No entanto, logo os cheiros foram interrompidos pela chuva torrencial, que permaneceu durante toda a apresentação, afastando parte do público e molhando o restante. Aqueles que resistiram formaram rodinhas de bate-cabeça durante músicas como “Convoque Seu Buda” e “Mantenha o Respeito”. A participação do Planet Hemp foi rápida, mas energética.
Em momentos sem a presença da banda carioca no palco, Criolo foi acompanhado pelo DJ Dan Dan e apresentou canções de quase todos os seus álbuns. Foram executadas faixas como “Esquiva da Esgrima”, presente em “Convoque Seu Buda” (2014), e “Lion Man” e “Subirusdoistiozin”, de “Nó na Orelha” (2011), todas acompanhadas pelos sons dos atabaques.
O show também teve momentos políticos. Durante a música “Ogum Ogum”, de “Sobre Viver”, Criolo fez um apelo pelo fim da intolerância religiosa. Já a canção “Jardineiro”, nova do Planet Hemp, foi ilustrada no telão com manchetes sobre casos de corrupção e o governo Bolsonaro, como a cocaína encontrada em um avião da FAB e o leilão de armas realizado pelo Bope.
Antes da chuva se intensificar, a música “Não Existe Amor em SP”, maior sucesso de Criolo, fez com que o público cantasse e erguesse seus celulares na direção do palco. O Town exalta a cidade de São Paulo em todos os seus cantos. A cena poderia ser ainda mais paulistana se o show tivesse acontecido no palco Skyline, que imita o horizonte cinza dos prédios da cidade.
