Restauração do acervo do Congresso Nacional após invasão mostra novos valores e desafios da preservação de bens culturais.







Restauração pós-invasão: ovo de avestruz e outras obras danificadas

Em 8 de janeiro de 2012, o Brasil recebeu um ovo de avestruz do Sudão, como símbolo de uma relação diplomática. No entanto, esse objeto acabou sendo danificado após a invasão às sedes dos Poderes. Na manhã seguinte, os cacos do ovo podiam ser vistos espalhados entre a Câmara dos Deputados e o Senado, misturando-se aos vidros estilhaçados e a outros presentes quebrados por vândalos no dia anterior.

A restauração de peças como o ovo de avestruz é um processo delicado e que envolve muito emocional. Os funcionários da Câmara dos Deputados estão prestes a devolver o ovo à galeria de presentes protocolares, marcando o fim de um intenso trabalho de recuperação após a invasão do Congresso. Ao longo desse processo, os restauradores se depararam com a complexidade de recompor obras que se tornaram testemunhas de um evento histórico.

Para a restauradora Joana Braga Paulino, o trabalho de recuperação do ovo tem sido “um presente para a alma”, embora a destruição inicial tenha causado revolta. A devolução do ovo de avestruz simboliza não apenas a restauração de uma obra, mas também a preservação da memória do dia 8 de janeiro de 2012.

Além do ovo de avestruz, outras obras culturais também sofreram danos durante a invasão, incluindo um vaso de porcelana doado pela Hungria e uma maquete tátil do Congresso Nacional. A recuperação dessas peças demandou um esforço significativo, com a restauração de 54 dos 64 itens sujos ou danificados na Câmara dos Deputados.

A restauração dessas obras representa não apenas um investimento financeiro, mas também um esforço para preservar a história e a cultura do país. O quadro no Senado que representa o “Ato de Assinatura da Primeira Constituição” teve danos avaliados em R$ 800 mil, enquanto a tapeçaria de Burle Marx foi recuperada por R$ 250 mil após ser rasgada e urinada durante a invasão.

A restauração dessas peças é um ato de resistência e preservação da memória histórica, como ressalta o diretor de preservação de bens culturais da Câmara dos Deputados, José Raymundo Campos Filho. A decisão de evidenciar as “cicatrizes” nas obras danificadas reflete a importância de manter viva a memória dos eventos que as marcaram.

Apesar dos desafios enfrentados, a recuperação das obras é um testemunho da resiliência e comprometimento dos profissionais envolvidos. A devolução do ovo de avestruz e a restauração das demais peças danificadas representam uma vitória para a preservação do patrimônio cultural e histórico do Brasil, marcando o fim de um capítulo doloroso e o início de uma nova fase de preservação e valorização da arte e da história do país.


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