Rituais de eclipses: a tradição sacrificante dos maias e a previsibilidade astronômica até os tempos modernos.




Os maias e os rituais em tempos de eclipse – O mistério de uma civilização pré-hispânica

Os maias e os rituais em tempos de eclipse – O mistério de uma civilização pré-hispânica

No período pré-hispânico, os maias, antigo povo que habitava a região onde hoje é o México, realizavam uma série de rituais durante eclipses solares, envolvendo sacrifícios de pessoas, animais e até da nobreza. O Sol, principal divindade maia, chamado de Kinich Ahau, sofria um escurecimento durante o dia, o que causava medo e era interpretado como um mau presságio. Todo o planejamento dos rituais era possível graças à alta previsibilidade do calendário maia.

Com o passar dos séculos, os cientistas aprimoraram as ferramentas para estabelecer calendários desses fenômenos astronômicos. Nesta segunda-feira, 8, está previsto um eclipse solar total na América do Norte, um evento de grande importância segundo a visão dos maias.

Para os maias, o Sol morria todos os dias para renascer no dia seguinte, mantendo assim a ordem cósmica. O eclipse representava a morte temporária do Sol, pois acontecia durante o dia ensolarado, onde a sombra tomava conta da luz. O sangue, elemento chave na concepção maia do universo, era utilizado nos rituais como forma de fortalecimento para o Sol derrotar as sombras do Inframundo durante os eclipses.

Segundo o professor de História da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Alexandre Guida Navarro, os astros regiam a vida religiosa e social dos maias, que tinham um calendário extremamente preciso para organizar suas atividades. Os maias conseguiam acertar cerca de 55% das previsões de eclipses, o que era um feito notável à época.

Além dos sacrifícios durante os eclipses, os maias demonstravam grande conhecimento astronômico, prevendo corretamente eventos celestes como o eclipse solar de julho de 1991. Seus registros eram feitos em hieróglifos esculpidos em pedra, pintados em cerâmica e murais, além de manuscritos em livros dobráveis chamado Códices de Dresden.

Essas cerimônias religiosas e observações astronômicas eram essenciais para a civilização maia, que floresceu por quase dois mil anos antes de Cristo e fornecia conhecimento valioso para a agricultura e vida cotidiana. Hoje, a ciência continua a se surpreender com a precisão dos maias na previsão dos eclipses, uma habilidade que eles desenvolveram ao longo de séculos de observação e prática.

Grandes civilizações e eclipses

Diversas grandes civilizações da Antiguidade desenvolveram métodos para prever eclipses, mesmo sem comunicação entre si. O conhecimento astronômico começou a se desenvolver há milênios, com os primeiros registros de previsão de eclipses datados de 1.223 a.C.

Os sumérios, uma das primeiras civilizações a se estabelecer no Oriente Médio, foram pioneiros na observação dos movimentos celestes. Eles foram sucedidos pelos babilônios, que desenvolveram estratégias para prever eclipses com base no ciclo de Saros, uma descoberta que revolucionou a astronomia da época.

Os babilônicos, posteriormente, repassaram seu conhecimento para os assírios e posteriormente aos persas, gregos e romanos, difundindo a arte da previsão de eclipses por toda a Europa. A observação e previsão de eclipses foram essenciais para o desenvolvimento da astronomia e do conceito de tempo nas antigas civilizações.

Pioneirismo no Oriente Médio

O conhecimento ocidental da astronomia teve início no Oriente Médio, com os sumérios e babilônios sendo pioneiros na observação dos astros. A descoberta do ciclo de Saros e a previsão de eclipses foram marcos importantes nessa trajetória, que se estendeu por séculos até chegar aos povos gregos e romanos.

Os registros astronômicos feitos pelos antigos povos, em argila e cerâmica, revelam uma profunda compreensão dos ciclos celestes e uma habilidade surpreendente na previsão de eclipses. Essas descobertas contribuíram significativamente para o desenvolvimento da astronomia como ciência e para a compreensão do cosmos.


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