O renomado escritor Salman Rushdie concedeu sua primeira entrevista a um canal de TV desde o atentado que sofreu em 2022, quando foi esfaqueado no pescoço e no abdômen durante uma palestra nos Estados Unidos. Rushdie descreveu detalhes desse evento traumático que marcou sua vida.
No incidente, Hadi Matar, um jovem de 24 anos, invadiu o palco da Chautauqua Institution, localizada na cidade homônima a aproximadamente sete horas de carro de Nova York, desferindo cerca de 10 golpes no escritor, na época com 75 anos de idade.
Em suas palavras, Rushdie compartilhou suas reflexões sobre o momento do ataque: “Confesso que às vezes imaginei meu assassino surgindo em algum fórum público ou outro e vindo atrás de mim exatamente dessa maneira. Então, meu primeiro pensamento quando vi essa forma assassina correndo em minha direção foi: ‘Então é você'”.
O autor revelou que o atentado resultou na perda da visão de um olho e em um período de seis semanas hospitalizado. Em uma fala impactante, Rushdie contou: “Um dos cirurgiões que salvou minha vida me disse: ‘Você teve muito azar e depois teve muita sorte’. Eu disse: ‘Qual é a parte da sorte?’ e ele disse ‘Bem, a parte da sorte é que o homem que atacou você não tinha ideia de como matar um homem com uma faca’”.
A entrevista ocorreu às vésperas do lançamento do novo livro de Rushdie, intitulado “Knife: Meditations After an Attempted Murder” (“Faca: Meditações Após uma Tentativa de Homicídio”, em tradução livre), no qual ele narra os eventos do atentado. O escritor já sofria ameaças de morte desde a publicação de “Os Versos Satânicos” nos anos 1980.
O livro em questão aborda de forma ficcional a vida do profeta Maomé e, por isso, gerou controvérsias, especialmente com o líder supremo do Irã na época, Aiatolá Ruhollah Khomeini, que emitiu uma fatwa em 1989 pedindo a execução de Rushdie e oferecendo uma recompensa pela sua cabeça. A fatwa foi revogada há 25 anos.
