São Vicente lidera ranking nacional de CEPs bloqueados pelos Correios devido ao controle do crime organizado na Baixada Santista

A falta de segurança nas favelas da Baixada Santista, região próxima à capital paulista, tem se tornado um problema grave. Um recente levantamento feito pela Folha de São Paulo revelou que São Vicente lidera o ranking nacional de CEPs bloqueados pelos Correios para entrega de correspondências. Isso indica que essas áreas estão sob controle quase total do crime organizado, como acontece em Guarujá e São Vicente, onde soldados da polícia militar foram baleados e mortos.

A visita da equipe de policiais à favela onde ocorreu o ataque mostra o perigo que a região representa. O tenente-coronel Flávio Montebello Fabri, que estava presente no momento do ataque, comparou a situação a uma área em guerra no Oriente Médio. As estatísticas revelam que, em São Vicente, 62% dos CEPs não têm entrega domiciliar por serem considerados inseguros.

Esse problema de segurança na Baixada Santista é antigo, de acordo com o prefeito de Mongaguá, Márcio Melo Gomes. Ele afirma que, além da mídia dar mais visibilidade aos casos envolvendo a polícia, a região já enfrentava dificuldades há anos. Gomes ressalta a diminuição do efetivo policial como um dos motivos para o agravamento da situação.

Outro levantamento realizado pela Folha de São Paulo mostra que a região de Santos perdeu 11% do efetivo policial entre 2012 e 2022. Essa redução é preocupante, pois torna a região ainda mais vulnerável ao crime. O promotor Sílvio de Cillo Leite Loubeh, do grupo do Ministério Público contra o crime organizado, afirma que pelo menos dez áreas na Baixada Santista são consideradas críticas e sofrem constantemente com trocas de tiros.

O promotor destaca a proliferação de ocupações irregulares em morros e mangues como um fator que agrava a situação. A falta de fiscalização e até mesmo a conivência de agentes públicos permitem que o crime organizado se estabeleça nessas regiões. Entre as áreas violentas estão as favelas de Dique do Piçarro e Dique do Caxeta, onde ocorreu o ataque contra os policiais. Segundo o promotor, pelo menos 36 PMs já foram mortos ou feridos nessas áreas.

O prefeito de São Vicente, Kayo Amado, ressalta a necessidade de um aumento no efetivo policial para enfrentar a crescente criminalidade na região. Ele destaca as dificuldades financeiras enfrentadas pelo município e a responsabilidade que têm assumido nas despesas decorrentes do policiamento estadual.

Os Correios afirmam que é necessário que o poder público local garanta a segurança para que as entregas possam ser feitas. A empresa tem buscado alternativas para realizar as entregas nos locais citados sem colocar em risco a segurança de seus funcionários. Além disso, os Correios têm investido em recursos de segurança na região, com previsão de mais investimentos até o final do ano.

A Secretaria da Segurança Pública destaca que a região da Baixada Santista recebeu reforço policial em 2014, com a criação do 2º Baep (Batalhão de Operações Especiais). A atual gestão também lançou um plano de recomposição salarial para tornar a carreira policial mais atrativa.

Apesar dos esforços, a situação de insegurança na Baixada Santista ainda é preocupante. É fundamental que o poder público atue de forma mais efetiva para garantir a segurança da população e combater o crime organizado. A presença da polícia nessas áreas é essencial para proteger os cidadãos e retomar o controle desses territórios.

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