SCD-1: O Satélite Brasileiro que Opera no Espaço Há Mais de 30 Anos

Satélite brasileiro SCD-1 é o objeto mais antigo em funcionamento no espaço

No dia 9 de fevereiro de 1993, às 10h15 (11h15 no horário de Brasília), um avião B52 da Nasa decolou do Centro Espacial Kennedy, na Flórida, transportando o foguete Pegasus e o Satélite de Coleta de Dados 1 (SCD-1), o primeiro artefato brasileiro desse tipo a ser lançado ao espaço. O SCD-1 foi colocado em órbita às 11h41, a uma altitude de 750 km. Desde então, o satélite está em funcionamento, superando em muito seu tempo de operação previsto de um ano, e se tornou o objeto mais antigo em funcionamento no espaço.

O pesquisador Adenilson Roberto da Silva, coordenador-geral de Engenharia, Tecnologia e Ciências Espaciais do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), explica que a longevidade do SCD-1 se deve à sua simplicidade, robustez, alta qualidade do projeto e dos componentes. Diferente de satélites de imageamento, o SCD-1 foi projetado para coleta de dados e não precisa de muita estabilidade ou apontar para lugares diferentes. Ele utiliza o princípio de estabilidade por rotação, se assemelhando a um pião.

Como o satélite não necessita de um computador de bordo nem de softwares, nem mesmo de uma bateria, sua vida útil se estendeu por mais de 30 anos. O lançador forneceu o giro inicial de 120 rotações por minuto, e o SCD-1 continua em operação, recebendo dados ambientais coletados por várias plataformas espalhadas pelo Brasil e transmitindo essas informações para as estações terrestres de Cuiabá e Natal. Os dados, principalmente meteorológicos, como chuvas, velocidade do vento e umidade do ar, são utilizados para previsões do tempo e disponibilizados para empresas, universidades e institutos de pesquisa.

O SCD-1, juntamente com o SCD-2, lançado em 1998, faz parte da Missão Espacial Completa Brasileira (MECB), iniciativa do governo federal para promover a pesquisa científica e a geração de tecnologia espacial no Brasil. Os satélites foram desenvolvidos pelo Inpe em colaboração com a indústria nacional. O SCD-1 possui o formato de um prisma octogonal com um metro de diagonal e 1,45 metro de altura, pesando 115 kg. O instituto investiu em laboratórios modernos e na formação de recursos humanos para o seu desenvolvimento.

Silva ressalta a importância do SCD-1 para o Brasil na área espacial, destacando que o país é capaz de projetar, desenvolver, lançar e receber dados de satélites. Atualmente, os satélites modernos possuem maior complexidade e funções mais avançadas, o que aumenta a possibilidade de falhas. No entanto, Silva acredita que o SCD-2 possa superar o recorde do SCD-1, pois possui um dispositivo eletromagnético que controla sua velocidade de rotação e impede sua queda. Enquanto o SCD-1 diminuiu para 5 rotações por minuto ao longo de 30 anos, o SCD-2 continuará em funcionamento por alguns anos.

Com a inauguração do Amazônia 1 em fevereiro de 2021, o Brasil demonstra sua competência na área espacial e a evolução desde o lançamento do SCD-1 há 30 anos. O satélite pioneiro abriu caminho para o desenvolvimento de artefatos complexos e colocou o Brasil na lista de países capazes de projetar satélites e operá-los com sucesso.

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