Um cenário preocupante está se desenhando para a Amazônia nos próximos anos, com a previsão de uma seca intensa que afetará a região durante os anos de 2023 e 2024. A principal causa desse fenômeno são os eventos climáticos ocorridos no Oceano Pacífico, como o El Niño Oriental seguido pelo El Niño Central.
No Oceano Pacífico, observou-se uma sucessão de eventos climáticos notáveis: primeiro, o El Niño Oriental, caracterizado pelo aquecimento na parte leste do Oceano Pacífico tropical, nas áreas conhecidas como “Niño 1+2” e “Niño 3”. Essa influência contribuiu para agravar a seca na Amazônia durante o ano de 2023, levando a vazões baixas nos rios Madeira e Purus.
Desde junho de 2023, esse aquecimento se deslocou em direção à parte central do Pacífico, contribuindo para a formação do El Niño Central, que deve atingir sua maturação em dezembro de 2023. Esse tipo de El Niño é lembrado por eventos extremos, como incêndios florestais na Amazônia e mortalidade de árvores devido à falta de água.
Além da influência do El Niño, outro fator que agrava a situação na Amazônia é o aquecimento anômalo no Atlântico Tropical Norte. Esse aquecimento, combinado com o dipolo no Atlântico, resulta em secas no Acre e em outras partes do sudoeste da Amazônia.
Esse padrão meteorológico sugere atrasos na temporada de chuvas na Amazônia, com redução das precipitações nas regiões central, norte e leste. A probabilidade das temperaturas quentes no Oceano Pacífico voltarem para níveis “normais” é mínima até o trimestre abril-maio-junho de 2024.
Com a redução das chuvas na estação chuvosa 2023-2024, espera-se que os reservatórios das barragens fiquem abaixo da média durante a estação seca de 2024, levando a desafios significativos para a região no ano seguinte.
Dado que os efeitos das duas bacias oceânicas ocorrem em diferentes partes da Amazônia, é possível prever um cenário de secas que variam de moderadas a intensas em grande parte da região amazônica, com impactos mais acentuados no sul e sudoeste durante a transição para a estação seca 2024 e na porção central e leste durante a estação seca desse mesmo ano. As previsões indicam que quase toda a Amazônia terá forte seca de novembro de 2023 a janeiro de 2024.
É importante destacar que essas previsões são baseadas em análises e modelos climáticos e podem sofrer alterações ao longo do tempo. No entanto, é necessário que medidas sejam tomadas para lidar com a possível seca intensa que se aproxima, como o deslocamento de comunidades e a implementação de estratégias de adaptação.
A Amazônia está diante de um desafio climático significativo nos próximos anos e é essencial que sejam tomadas medidas efetivas para mitigar os impactos e garantir a preservação desse importante bioma. É fundamental que autoridades e sociedade estejam preparadas para lidar com as consequências desse cenário, visando a proteção da Amazônia e o bem-estar das comunidades que dependem dela.
