A indicação de Flávio Dino, escolhido pelo presidente Lula (PT) para ocupar uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), enfrenta resistência da bancada evangélica, composta por 15 senadores, a maioria deles oposicionistas. Essa barreira tem sido um dos principais obstáculos para a confirmação de Dino no STF.
Para tentar aproximar os evangélicos de Dino, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA) entrou em ação e está buscando estabelecer um diálogo com os colegas da Frente Evangélica no Senado. De acordo com informações obtidas pelo Congresso em Foco, a senadora tem contatado os senadores evangélicos por telefone na tentativa de diminuir a resistência à indicação do atual ministro da Justiça.
Além disso, Eliziane está articulando uma reunião com a bancada evangélica no Senado para a próxima terça-feira (5). Ela acredita que alguns senadores, como Magno Malta (PL-ES), são mais incisivos contra Dino, mas há outros nomes que estariam dispostos a se encontrar com o indicado.
Eliziane viajará com o presidente da Frente Parlamentar Evangélica no Senado, Carlos Viana (Podemos-MG), para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2023 (COP-28). A reunião com o grupo ocorrerá após o retorno dos senadores.
A senadora considera que é crucial estabelecer um canal de diálogo entre Dino e a bancada. Ela acredita que, dessa forma, as resistências ao nome do ministro podem começar a ser trabalhadas. Eliziane, que é filha de pastor e membro da Assembleia de Deus no Maranhão, é a senadora mais próxima de Flávio Dino, mantendo contato com ele de duas a três vezes por semana.
Apesar do baixo número de senadores evangélicos em comparação ao total, os defensores da indicação de Dino temem o impacto da pressão de líderes religiosos conservadores sobre o conjunto dos parlamentares, ameaçando retirar seu apoio em futuras eleições em caso de suporte a Flávio Dino.
Eliziane faz parte da bancada evangélica no Senado e sua atuação política é alinhada com os valores da frente parlamentar. Ela reconhece que há resistências a Dino dentro de segmentos evangélicos, como o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), mas indica que o diálogo no Senado é diferente do realizado na Câmara.
Além disso, senadores governistas ressaltam que Dino tem um perfil conservador em pautas importantes para evangélicos, como o aborto. O ministro da Justiça, católico praticante, já se pronunciou contra a descriminalização do aborto e contra alterações na legislação atual.
O governo considera que, apesar das resistências, o número de senadores que votarão contra Dino não passaria de 25, o que garantiria sua aprovação com o mínimo de 41 votos.
A despeito das resistências, Dino tentará conversar com todos os senadores. Neste sentido, a declaração de voto do líder do Governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), a favor da PEC que limita os poderes do STF, é vista como facilitadora para o diálogo. O voto para indicados para o STF é secreto, e a composição da Frente Parlamentar Evangélica no Senado pode influenciar significativamente o desenrolar desse processo.