Sistema planetário incomum: estrela HD110067 possui seis planetas com órbitas sincronizadas em constelação distante






Artigo Científico

Descoberto sistema planetário incomum

Por Jornalista

A cerca de 100 anos-luz da Terra, na constelação Cabeleira de Berenice, fica a estrela HD110067, parecida com o nosso Sol mas com um sistema planetário incomum. Em artigo publicado na revista Nature em novembro, cientistas da Universidade de Chicago relatam que em torno dela orbitam seis planetas, designados pelas letras B, C, D, E, F e G, todos com tamanhos parecidos: os raios são 2 a 3 vezes o raio da Terra. Ignoramos a sua composição, mas sabemos que estão muito próximos da estrela, mais do que Mercúrio do Sol, logo são quentes demais para sustentar vida.

O que torna esse sistema notável é outra coisa: as durações das órbitas dos seis planetas, que estão completamente sincronizadas. A cada 3 voltas de B em torno da estrela, C dá exatamente 2 voltas. A mesma proporção 3:2 vale para as órbitas de C e D, e também para as órbitas de D e E. Então, muda: entre as órbitas de E e F a proporção é exatamente 4:3, e entre as órbitas de F e G também.

Uma sincronia tão perfeita —e que dura há mais de um bilhão de anos!– pode parecer uma coincidência mágica, mas o mecanismo que a fez surgir é comum na natureza, e a sua matemática está bem compreendida. Sistemas periódicos –isto é, que repetem as mesmas configurações a intervalos de tempo regulares– em interação mútua costumam trocar energia entre si até que as razões entre os seus períodos sejam dadas por frações de números inteiros e pequenos. Dizemos que entram em ressonância.

Um exemplo familiar ocorre quando empurramos um balanço: percebemos rapidamente que é melhor que o período dos empurrões seja igual ao período de oscilação do balanço ou, pelo menos, um múltiplo pequeno dele, pois isso maximiza a energia que transmitimos ao brinquedo. No sistema planetário os “empurrões” correspondem à atração gravitacional mútua entre os planetas.

No entanto, embora o caso da HD110067 não seja único, ele é raro: menos de 1% dos sistemas planetários conhecidos apresentam sincronias tão fortes. E o nosso Sistema Solar não é um deles. Isso é porque na maioria dos casos o movimento dos planetas é afetado por eventos dramáticos, como colisões ou a aproximação de outra estrela. No nosso caso, é sabido que a formação do planeta gigante Júpiter bagunçou (muito!) a evolução do sistema.

Ainda assim, existe ressonância no Sistema Solar. A razão entre os períodos orbitais de Júpiter e Saturno é aproximadamente 2:3, por exemplo, e também sabemos que o Cinturão de Asteroides apresenta lacunas causadas pelas ressonâncias com Júpiter.

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