STF abre caminho para responsabilização de empresas jornalísticas por falas de entrevistados, ameaçando liberdade de expressão. Uma inversão de valores.



Decisão do STF por responsabilização civil de empresas jornalísticas pela fala de entrevistados gera preocupação

A recente decisão do Supremo Tribunal Federal que permite a responsabilização civil de empresas jornalísticas pela fala de pessoas entrevistadas tem gerado preocupação no meio jornalístico e levantado questionamentos sobre a liberdade de expressão no Brasil.

Em um artigo de opinião, o jornalista destacou que a decisão é um desatino que remete a tempos obscurantistas, comparando-a até mesmo com a época da ditadura. Antes, o STF protegia a liberdade de expressão, porém, agora parece estar estabelecendo um regime de intangibilidade da honra de personalidades e políticos, o que levanta questões sobre a liberdade de imprensa no país.

A decisão do tribunal estabelece que a imprensa tem o dever de verificar a veracidade dos fatos antes e, se houver “indícios concretos” de falsidade na acusação proferida pelo entrevistado. O jornalista critica essa inversão de valores, afirmando que a medida transformaria o jornalismo em uma instância cartorial e burocrática, dificultando a prática jornalística, especialmente em casos de entrevistas ao vivo.

Além disso, a decisão sugere que a Justiça pode determinar a remoção de conteúdo com informações injuriosas, difamantes, caluniosas ou mentirosas, o que também tem sido alvo de críticas por parte de especialistas em liberdade de expressão.

O jornalista cita o exemplo hipotético do ministro Gilmar Mendes, que em uma entrevista hoje poderia gerar responsabilização civil para o órgão de imprensa, mesmo tendo capacidade financeira e idoneidade moral para responder por suas opiniões.

Diante da repercussão negativa, o novo presidente do STF, Luís Roberto Barroso, tentou acalmar o ambiente, afirmando que a decisão só afeta casos de “negligência grosseira”. No entanto, o jornalista contesta essa afirmação, citando que o portal do STF prevê a aplicação do novo princípio em pelo menos 119 casos que aguardam manifestação do tribunal.

Segundo o jornalista, a decisão do STF estimula a autocensura e sugere a existência de limites para o direito de crítica, contrariando entendimentos liberais anteriores do próprio tribunal. Ele também aponta que os pequenos e médios veículos de comunicação serão vítimas da Justiça local, muitas vezes exercida por magistrados corporativistas e autoritários.

A tese da repercussão geral formulada pelo STF tem gerado preocupações entre os jornalistas, que temem que o princípio da verificação da veracidade dos fatos pelos veículos de comunicação se estenda para outras situações jornalísticas, criando embaraços para o jornalismo investigativo e limitando a liberdade de imprensa no país.


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