Tensão entre Venezuela e Guiana: líderes de oposição são acusados de traição após disputa por território de Essequibo.



No mesmo dia em que o governo venezuelano deu os primeiros passos para concretizar a incorporação do 
território disputado de Essequibo
, a procuradoria do país emitiu uma série de mandados de prisão contra líderes da oposição e ex-funcionários chavistas, por suspeita de traição ao país. Eles teriam vínculos com a Exxon Mobil, uma das empresas petrolíferas que explora as águas territoriais em disputa com a Guiana.


A esposa de Roberto Abdul, membro da comissão que planejou as primárias em que María Corina Machado foi eleita candidata da oposição para as eleições presidenciais de 2024, confirmou a prisão dele. Abdul já havia sido interrogado pelas autoridades a respeito de uma investigação criminal sobre as primárias, que a oposição alega ter sido transparente e justa.


Há também mandados de prisão para Henry Alviarez, Claudia Macero e Pedro Urruchurtu por crimes como traição, conspiração e lavagem de dinheiro, disse o procurador-geral Tarek Saab. Segundo ele, os três, juntamente com Abdul, participaram de “ações desestabilizadoras e conspiratórias” contra o referendo no qual a população venezuelana manifestou apoio à ideia de incorporar o 


Essequibo


, no último domingo.


Segundo a acusação, a polícia venezuelana prendeu um cidadão dos EUA que teria usado criptomoedas para contornar controles financeiros e destinar fundos para conspirar contra a realização da consulta popular. A origem de tais recursos seria lavagem de dinheiro de organizações e empresas estrangeiras.


“Estamos aguardando ser notificados formalmente sobre uma suposta ordem de prisão por crimes relacionados à traição à pátria”, disse Perkins Rocha, advogado da Vente Venezuela, partido da candidata em potencial da oposição às eleições de 2024, María Corina Machado.


No X (antigo Twitter), Machado qualificou a decisão da procuradoria de “infâmia” e disse que o governo “arremete contra cidadãos inocentes”, algo que “aumenta a urgência e a determinação da nossa luta”.


Caracas diz ter “mandato inapelável”


Enquanto isso, as diplomacias da Venezuela e da Guiana seguem movendo suas peças no intento de garantir o controle sobre o Essequibo, enquanto outros países da região buscam a melhor forma de se posicionar.


A Venezuela não reconhece o acordo de 1899, tampouco a competência da Corte Internacional de Justiça, em Haia, sobre o caso. O país cita o Acordo de Genebra, de 1966, em que o governo britânico reconhece a disputa pelo território. 


O Brasil, que também defende uma solução pelo diálogo e até o momento tem tratado o tema como assunto interno da Venezuela, mobilizou militares e veículos blindados para a fronteira em Roraima.


A batalha dos mapas


Uma das frentes de batalha pelo Essequibo é a cartografia. Venezuela e Guiana têm divulgado mapas de seus países que incluem a região em disputa. O governo venezuelano, inclusive, ordenou que o novo mapa seja distribuído em todas as escolas, liceus, conselhos comunais, estabelecimentos públicos, universidades e “em todos os lugares do país”. Veja abaixo dois posts no X, um de cada governo.




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