Na última quarta-feira (27), a 7ª Turma do TRF-2 (Tribunal Regional Federal da 2ª Região) decidiu manter suspensas as obras de instalação da tirolesa no Pão de Açúcar, localizado na zona sul do Rio de Janeiro. O pedido de suspensão das obras foi feito pelo MPF (Ministério Público Federal) devido a suspeitas de perfurações irregulares na rocha do local.
O Parque Bondinho Pão de Açúcar, responsável pela intervenção, afirmou que o projeto da tirolesa obteve todas as licenças necessárias e foi executado seguindo as melhores práticas de preservação ambiental e patrimonial. No entanto, as obras foram interrompidas no início de junho após uma decisão liminar da Justiça Federal.
A decisão da suspensão das obras foi mantida pelos magistrados por dois votos a um e também suspendeu a autorização concedida pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) para a execução do projeto.
O juiz Paulo André Espirito Santo Bonfadini, da 20ª Vara Federal, ressaltou que o objetivo de promover o turismo não pode pôr em risco um patrimônio mundial que simboliza o Brasil no exterior. Ele se referia ao Pão de Açúcar, que possui um título de Patrimônio Mundial concedido pela Unesco em 2012.
A Procuradoria da República alega que a empresa responsável pela tirolesa mutilou a rocha antes de apresentar o projeto executivo, que deveria conter as informações sobre as perfurações. A concessionária admitiu ter realizado 127,83 m³ de perfurações no morro da Urca e no morro do Pão de Açúcar, cortando 78,13 m³ e 49,70 m³, respectivamente.
Ambientalistas, preocupados com os impactos que as obras podem causar, lançaram um abaixo-assinado que já conta com mais de 30 mil assinaturas contra o projeto da tirolesa. Eles temem que as intervenções comprometam o título de Patrimônio Mundial do local.
O projeto da tirolesa consiste na construção de quatro condutores de aço ao lado dos cabos que sustentam o bondinho do Pão de Açúcar. A atividade de tirolesa teria uma duração de 50 segundos e os usuários atingiriam uma velocidade de 100 km/h.
