USP cancela matrícula de estudante em medicina por autodeclaração racial rejeitada: jovem se identificou como pardo, mas comissão discordou.




USP cancela matrícula de estudante aprovado em medicina por questões raciais

USP cancela matrícula de estudante aprovado em medicina por questões raciais

Na última segunda-feira (26), a Universidade de São Paulo (USP) surpreendeu a todos ao cancelar a matrícula de um estudante aprovado em medicina. Alison dos Santos Rodrigues, de 18 anos, foi reprovado pela comissão de heteroidentificação racial da instituição, que rejeitou sua autodeclaração como pardo.

Alison, natural de Cerqueira César, interior de São Paulo, conquistou a vaga no curso mais concorrido da USP por meio das cotas para estudantes da rede pública e autodeclarados pretos, pardos e indígenas. A decisão da universidade gerou polêmica e indignação não só na família do jovem, mas também na comunidade escolar e na sociedade em geral.

A mãe de Alison, uma auxiliar de serviços gerais em um abrigo para crianças, sustenta sozinha o estudante e sua irmã mais nova. Ela se identifica como parda, enquanto o pai de Alison é classificado como branco. No entanto, Alison defendeu sua autodeclaração baseando-se em sua ascendência familiar e nas características físicas que o aproximam de sua mãe e avós maternos negros.

Ao ser rejeitado pela comissão, Alison tentou apresentar recursos e até solicitou uma reunião presencial, mas teve seus pedidos negados. A família do estudante recorreu ao Ministério Público em busca de apoio para garantir sua permanência no curso de medicina, no qual ele tanto se esforçou para conquistar a vaga.

A USP, em nota à imprensa, informou que a análise das fotografias dos candidatos é realizada por duas bancas independentes, baseadas exclusivamente em critérios fenotípicos. Segundo a universidade, o processo de heteroidentificação é essencial para coibir possíveis fraudes nas políticas de cotas raciais.

O caso de Alison levanta discussões importantes sobre representatividade e reconhecimento da identidade racial, assim como questiona a eficácia e transparência dos mecanismos de verificação adotados pelas instituições de ensino superior. A luta pela garantia do direito à educação e pela igualdade racial continua sendo um desafio em nosso país.


Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo