Violência volta às ruas de Porto Príncipe após renúncia do primeiro-ministro no Haiti; país tenta formar conselho de transição







Violência volta as ruas do Haiti após renúncia do primeiro-ministro

Violência volta as ruas do Haiti após renúncia do primeiro-ministro

Após dias de relativa calmaria, as ruas da capital do Haiti, Porto Príncipe, voltaram a ser palco de violência nesta quinta-feira (14), enquanto o país tenta formar um conselho de transição de governo depois da renúncia do primeiro-ministro, Ariel Henry.

Tiros puderam ser ouvidos em bairros da capital e uma academia de polícia foi alvo de ataque, segundo a agência Reuters e a AFP. Jimmy Cherizier, conhecido como “Barbecue”, líder da aliança de gangues G9, voltou a ameaçar políticos do país, desta vez em mensagem direcionada a líderes com intenções de participar do conselho transitório.

Os comentários foram gravados na quarta-feira e distribuídos via mensagem de áudio de 7 minutos amplamente compartilhada na manhã de quinta pelo WhatsApp.

“Vocês não têm vergonha?”, questionou Cherizier, dirigindo seus comentários a políticos que, segundo ele, estavam buscando ingressar no conselho. “Vocês levaram o país aonde ele está hoje. Vocês não têm ideia do que vai acontecer.”

“Eu saberei se seus filhos estão no Haiti, se suas esposas estão no Haiti, se seus maridos estão no Haiti. Se vocês vão governar o país, toda a sua família deve estar aqui”, disse. O líder de gangues afirmou que a renúncia de Henry foi apenas “um primeiro passo na batalha” pela nação.

Nesta quinta, um incêndio atingiu a penitenciária principal da cidade, cujos prisioneiros foram libertados por homens armados no início deste mês. Uma espessa fumaça preta saía da instalação, mas o fogo parecia estar sob controle de tarde. A agência Reuters não pôde verificar imediatamente se havia pessoas restantes na prisão ou qual foi a causa do incêndio.

O Haiti luta para resolver uma perene e brutal crise política e humanitária. Gangues armadas controlam grande parte da capital e maior cidade do país, e grupos de direitos humanos relatam assassinatos, sequestros e violência sexual generalizados. Centenas de milhares de pessoas foram deslocadas pelo cenário de violência e insegurança.

A Comunidade do Caribe (Caricom), grupo de países da região, informou os partidos políticos e outros setores sociais que irão compor o conselho de transição de nove membros que assumirá o poder para nomear um novo premiê interino e trabalhar para a formação de novo órgão eleitoral.

As negociações sobre o conselho foram intermediadas por líderes do Caribe e pelo secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, mas as nomeações formais ainda não foram feitas.

As Nações Unidas anunciaram a criação de uma ponte aérea entre o Haiti e a República Dominicana para permitir o fluxo de ajuda humanitária a Porto Príncipe, onde o aeroporto internacional segue fechado em meio à violência e o controle territorial das gangues.

“A conexão aérea ainda não está operacional. Colegas trabalham para que esteja pronta o mais rapidamente possível”, informou o gabinete do porta-voz da ONU, que a princípio havia informado por engano que a conexão já estava funcionando.

Com o futuro político do Haiti em suspenso e as incertezas e obstáculos de uma missão de segurança aprovada pela ONU e a ser liderada pelo Quênia, a já escassa presença internacional no Haiti tem minguado ainda mais.

O Canadá anunciou nesta quinta uma redução em seu quadro de funcionários da embaixada, deixando apenas funcionários essenciais no país. No domingo, os EUA já tinham tomado medida semelhante, e, na quarta, foi a vez da ONU. A embaixada brasileira suspendeu temporariamente seu serviço consular.

“Isso nos permitirá manter nossa presença no Haiti para apoiar os canadenses durante essa situação volátil”, disse a Ministra das Relações Exteriores do Canadá, Melanie Joly, em um comunicado, acrescentando que a embaixada estava temporariamente fechada ao público.


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