Hacker afirma que Bolsonaro o teria oferecido a chance de escapar da pena para grampear Moraes e invadir urnas; confira no vídeo.

No último depoimento da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, o hacker Walter Delgatti Neto fez uma revelação bombástica. Segundo ele, o ex-presidente Jair Bolsonaro teria prometido indulto em troca de invadir as urnas eletrônicas e assumir a autoria de um suposto grampo realizado no ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

Durante seu testemunho, Delgatti afirmou que encontrou a deputada Carla Zambelli em um posto de gasolina, onde ela teria inserido um chip em um celular novo e ligado para o então presidente Bolsonaro. Segundo Delgatti, Bolsonaro teria informado que o grampo já havia sido realizado, com conversas comprometedoras do ministro, e que eles queriam que o hacker assumisse a autoria. Delgatti era conhecido, na época, por ser o hacker da Lava Jato.

Segundo o depoente, Bolsonaro revelou que o grampo havia sido executado por agentes de outro país e o tranquilizou, dizendo: “Fique tranquilo, se por acaso alguém lhe prender eu mando prender o juiz”. Tudo isso seguido de risadas.

Delgatti admitiu que aceitou assumir o grampo por se tratar de um pedido do presidente da República. Após isso, a deputada Carla Zambelli teria pedido para que o hacker invadisse algum sistema de Justiça, como o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), para mostrar a fragilidade do sistema. Delgatti então invadiu os sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e de todos os tribunais do país.

Ele afirmou ter permanecido por quatro meses na intranet do CNJ, de todos os tribunais e inclusive do TSE. O hacker também mencionou novas reuniões que ocorreram em agosto de 2022, onde foram discutidas ações para colocar em dúvida a credibilidade das urnas eletrônicas, como a possibilidade de apertar um voto e sair impresso outro.

Outra ocasião citada por Delgatti foi uma reunião com Bolsonaro, Zambelli, o ajudante de ordens do presidente Mauro Cid e o general Marcelo Câmara, onde discutiram a fragilidade das urnas eletrônicas. Bolsonaro teria garantido ao hacker que receberia um indulto caso fosse preso por suas ações relacionadas às urnas eletrônicas.

Delgatti revelou ainda que foi cinco vezes ao Ministério da Defesa, inicialmente com a intenção de inspecionar o código-fonte das urnas eletrônicas. No entanto, apenas servidores do ministério tinham acesso, então o hacker e sua equipe iam até o TSE e repassavam as informações que obtinham.

O depoimento de Delgatti continua no plenário 2 da ala Nilo Coelho, no Senado Federal. Mais informações serão divulgadas em breve.

Reportagem – Lara Haje
Edição – Natalia Doederlein

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