Mãe Bernadete foi brutalmente assassinada, detalhes do crime são escassos, mas investigações estão em andamento para obter respostas.

A quilombola Bernadete Pacífico, de 72 anos, conhecida como Mãe Bernadete, foi morta a tiros na noite de quinta-feira (17). Ela era uma das líderes do quilombo Pitanga dos Palmares, localizado no estado da Bahia. Esse crime ocorre seis anos após o assassinato de seu filho, que também era líder comunitário.

As autoridades locais, incluindo o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), e o ex-presidente Lula (PT), emitiram declarações repudiando o crime. A Conaq (Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos) também lamentou a morte de Mãe Bernadete, destacando sua dedicação à preservação da cultura e história de seu povo.

Mãe Bernadete era conhecida por seu trabalho incansável em prol da comunidade quilombola e da titulação da terra de seu quilombo. Ela também ocupou o cargo de secretária de Políticas de Promoção da Igualdade Racial de Simões Filho, município da Região Metropolitana de Salvador.

O assassinato ocorreu dentro do terreiro de candomblé que Mãe Bernadete comandava em Simões Filho. O quilombo Pitanga dos Palmares, liderado por ela, ainda não possui título de terra, apesar de ter sido reconhecido pelo Incra em 2017 e possuir certificação da Fundação Palmares.

As investigações sobre o caso estão em andamento. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública da Bahia, dois homens chegaram ao local usando capacetes e efetuaram disparos contra Mãe Bernadete. A Polícia Federal também instaurou um inquérito para apurar o homicídio, que pode ter conexão com o assassinato de seu filho.

Não há informações sobre outras vítimas no ataque. A Polícia Civil está realizando ações integradas para elucidar o caso, contando com o apoio tecnológico disponível e realizando perícias no local.

Mãe Bernadete já havia denunciado ameaças de morte que sofria de fazendeiros. O quilombo Pitanga dos Palmares enfrenta disputas territoriais e pressões do setor imobiliário. Ela fazia parte de um programa de proteção a testemunhas do governo na Bahia, com câmeras de segurança instaladas em sua casa e visitas periódicas da polícia.

O filho de Mãe Bernadete afirmou que sua mãe recebia ameaças há pelo menos seis anos e considera o crime como um assassinato por encomenda. Ele acredita que a especulação imobiliária, a grilagem de terras e disputas políticas podem estar relacionadas ao crime.

Esse ato de violência contra uma líder quilombola destaca a vulnerabilidade e os desafios enfrentados por essas comunidades, que lutam pela preservação de sua cultura e pela garantia de seus direitos territoriais. É necessário um urgente posicionamento e ação das autoridades para enfrentar o racismo estrutural e proteger a vida dos líderes quilombolas.

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